O melhor período de vendas do mês está se encerrando sem que a comercialização do frango apresente qualquer modificação em relação a momentos de venda mais lentos. Ou seja: na segunda semana de agosto o frango vivo disponibilizado no interior paulista continuou sendo comercializado por valores que variam entre R$2,80/kg e R$3,00/kg e o de Minas Gerais por R$3,05/kg, ambos operando em um ambiente mercadológico que variou entre calmo e fraco.
O problema, porém, não é do frango vivo: vem do frango abatido que, não encontrando consumidores à altura (a despeito de visível redução na oferta), enfrenta uma baixa demanda que restringe a aplicação de preços mais realistas. Sob tais circunstâncias e pretendendo não agravar ainda mais a situação, as integrações mantêm seus abates restritos, o que implica em colocar no mercado independente parte de sua criação própria. É o que torna excedente a oferta de aves vivas.
Graças a um processo de adequação da produção iniciado em março, o frango (vivo ou abatido), normalizada a comercialização após a greve dos caminhoneiros, não registrou grandes quedas de preço como outros alimentos.
O ovo, por exemplo, pela primeira vez no ano superou (início de junho) o preço de 2017. Mas na sequência perdeu tudo que havia conquistado. Atualmente tem não só um dos menores preços dos últimos 90 dias, como também alcança valor inferior ao dos últimos dois anos, nesta mesma ocasião.
O frango, da mesma forma, também conseguiu alcançar, pela primeira vez no ano, preços superiores aos de 2017. Mas embora tenha sofrido retrocesso com a regularização da comercialização, permanece com valor superior ao de um ano atrás. O que se aplica tanto ao vivo quanto ao abatido.
Isso, porém, não é motivo de comemoração. E o ideal, neste instante, é avaliar as condições atuais em comparação àquelas registradas em 2016, ano em que a avicultura enfrentou os mais elevados custos de produção de toda a sua história. Pois aqui vão algumas considerações:
1º) Em agosto de 2016, os preços do frango vivo (granja, interior de São Paulo) e do abatido (resfriado, Grande Atacado da cidade de São Paulo) alcançaram média de, respectivamente, R$3,16/kg e R$4,20/kg. Como, até aqui, têm sido comercializados por, em média, R$2,80/kg e R$3,50/kg, registram redução de 11% e 16%.
2º) Há dois anos, no mesmo agosto, o preço da saca de milho (então em retrocesso) ficou em R$45,91 e a tonelada do farelo de soja em R$1.303,00. Uma vez que, no momento, são adquiridos por cerca de R$44,00/saca e R$1.400/tonelada, registram, o milho, redução de 4,16%; e o farelo de soja, alta de 6,67%.
Neste caso, porém, é fundamental considerar que uma e outra matéria-prima entram na composição da ração do frango à razão de 3:1. E isso levado em conta, um “pacote” desses dois ingredientes (por exemplo: 3 kg de milho + 1 kg de farelo de soja) alcança o mesmo valor de agosto de 2016. No exemplo em pauta, R$3,60/kg.
Ou seja: enquanto o principal custo do setor alcança o mesmo (alto) valor de dois anos atrás, os preços recebidos pelo produtor do frango e pelo abatedouro apresentam retrocesso superior a 10%.
Fonte: AviSite