Campinas - Como justificar os bons preços do frango abatido em janeiro de 2019 - valorização de 30% sobre o mesmo mês do ano anterior e o quinto melhor preço dos últimos 25 meses (quando, normalmente, os preços do mês ficam entre os mais baixos do ano - se, simultaneamente, a disponibilidade interna de carne de frango (dados aparentes) alcançou o maior volume de toda a história do setor?
Efetivamente, essa constatação contradiz a Lei de Oferta e Procura. De toda forma, é interessante mencionar que um recorde na disponibilidade total não corresponde, necessariamente, a um recorde na disponibilidade per capita – fator que melhor define as condições mercadológicas do produto. Assim, embora soe estranho, as 910.673 toneladas são similares às 796.098 toneladas de junho de 2018 ou, ainda, às 742.445 toneladas de março de 2017 (quase dois anos atrás). Pois, nesses espaços de tempo, o universo de consumidores continuou aumentando (ainda que seu poder aquisitivo tenha se desmilinguido).
Assim, contrapondo a disponibilidade interna mensal de carne de frango à evolução da população (dados do IBGE), constata-se que em janeiro passado a disponibilidade per capita do produto (dados mensais anualizados) girou em torno dos 47,2 kg, mesmo índice registrado em junho de 2018 ou – retrocedendo ainda mais no tempo – em março de 2017.
Ainda assim é interessante notar que os cinco melhores preços alcançados nos últimos 25 meses foram registrados de setembro de 2018 para cá. Ou seja: desde então a disponibilidade per capita vem aumentando sem que, concomitantemente, tenha ocorrido refluxo significativo dos preços.
Como, nesse período, as condições econômicas do consumidor não apresentaram alteração, só se pode atribuir a melhora às expectativas criadas com a eleição de um novo governo. Mas isso, só os sociólogos podem explicar.
Embora dispensável, não custa ressalvar que o recorde absoluto de 49,2 kg per capita registrado em abril de 2018 é apenas contábil. Ou seja: conseqüente de mudanças na sistemática de coleta dos dados de exportação impressa pela SECEX/MDIC no período, o que fez com que parte das exportações de um mês só fosse computada no mês seguinte.
Ainda assim, não é de todo improvável que a oferta efetiva do período tenha ficado muito acima dos índices apontados, pois, à época (primeiro semestre de 2018) formaram-se grandes estoques do produto – daí os baixos preços então obtidos.
Isso só começou a ser equacionado a partir do segundo semestre, quando a produção foi melhor equacionada ao mercado (interno + externo) disponível, o que deve ter propiciado o enxugamento de estoques.
Fonte: AviSite