Plantas em Mato Grosso estavam desativadas desde que o Quatro Marcos pediu recuperação judicial
O grupo JBS Friboi anunciou ontem que vai arrendar cinco unidades de abate e desossa de gado que estavam desativadas em Mato Grosso. As plantas vinham sendo operadas pelo Frigorífico Quatro Marcos, que está atualmente em recuperação judicial - dessas, três unidades eram arrendadas e duas eram do próprio Quatro Marcos. O acordo fechado pelo Friboi é válido por 50 meses, com possibilidade de renovação ou compra. Não foram revelados valores.
A previsão do Friboi é que sejam gerados 3 mil empregos diretos. As unidades ficam nas cidades de Juara (com capacidade de abate de 800 animais por dia), Alta Floresta (1,6 mil animais/dia), Colíder (850 animais/dia), Cuiabá (800 animais/dia) e São José dos Quatro Marcos
(1,1 mil animais/dia). Com as novas unidades, a capacidade de abate do grupo ultrapassa 26 mil cabeças por dia no País.
Apesar de uma expectativa ainda embrionária de recuperação da atividade pecuária no Estado, os criadores de gado reclamam do negócio, especialmente os que forneciam para o Quatro Marcos. Eles dizem ter um passivo de cerca de R$ 40 milhões para receber da empresa e que só vão voltar a fornecer os animais para o Friboi se receberem o que o antigo cliente deve. "Não vamos aceitar que eles (Friboi) entrem sem que o passivo existente do Quatro Marcos seja acertado", diz Luciano Vacari, superintendente da Associação de Criadores do Mato Grosso (Acrimat).
Se a entrada da maior empresa de carne bovina do mundo nas unidades de abate desativadas deixa dúvidas entre os criadores de gado, por outro lado é motivo de comemoração para o Estado, que tem perdido arrecadação.
Mato Grosso é dono do maior rebanho bovino do Brasil, e desde que as exportações começaram a encolher e faltou dinheiro para os frigoríficos, o governo do Estado vem apresentando queda da arrecadação.
No primeiro semestre, de acordo com o secretário da Fazenda, Eder Moraes, a previsão era arrecadar R$ 110 milhões em impostos com a atividade. Mas o fechamento de 15 plantas tirou dos cofres públicos R$ 35 milhões, cerca de um terço do que se esperava.
"Temos tentando minimizar as perdas com um foco maior na sonegação de impostos. Mas a retomada da atividade nessas plantas é um fôlego a mais que pode ser seguido por outros grandes grupos, a exemplo da Friboi, que decidiu crescer mais na crise. É um momento de muitas oportunidades de negócio", diz Moraes. Na semana passada, outro grande frigorífico, o Marfrig, inaugurou uma unidade de suínos no Estado com capacidade de abate de 3 mil animais/dia.
Todas as unidades arrendadas pelo Friboi são habilitadas para exportar. A de São José dos Quatro Marcos tem uma linha de alimentos processados, como carnes enlatadas e pré-cozidas. Já as de Juara e Colíder são capacitadas para produzir biodiesel com o sebo dos animais. Será a primeira experiência da Friboi no segmento. Além de produzir no Brasil, a Friboi também tem unidades na Argentina, EUA e Austrália. A capacidade de abate total é de 73,9 mil cabeças/dia.
Veículo: O Estado de S.Paulo