Mercado futuro de boi gordo encolhe para US$ 725 milhões

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A indefinição no mercado de carnes derrubou o volume financeiro dos contratos futuros do boi gordo na BM&F Bovespa no primeiro semestre e inibiu qualquer negociação nesse segmento para 2009. O volume financeiro dos futuros de boi recuaram de US$ 4,06 bilhões para US$ 725,7 milhões. Em unidades a queda foi de pouco mais de 725,2 mil para 388,7 mil. Se a movimentação dos contratos realmente refletir o cenário dos próximos meses, a crise no setor de carnes deve adentrar o próximo ano tendo em vista que as negociações se limitam para os vencimentos entre julho e dezembro de 2009. Nos últimos anos, as únicas vezes em que isso ocorreu foram 2004 e 2005, reflexo da ocorrência de febre aftosa. "A falta de contratos para o próximo ano se deve ao medo e a indefinição do que pode acontecer no ano que vem tanto no mercado financeiro de maneira geral como no impacto na demanda por carne nos próximos anos", disse Maria Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria.

 

Segundo ela, o especulador é o principal perfil de investidor que abandonou esse tipo de operação no segmento de carnes. A analista também avalia que recente caso dos frigoríficos denunciados na Operação Abate e a possibilidade do embargo se estender para outros estados contribui para um cenário de mais incertezas.

 

A expectativa para o segundo semestre é a de que a retomada das exportações tenha algum impacto no mercado futuro. De acordo com dados preliminares da Secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic), as exportações de carne bovina in natura aumentaram em junho 9% em relação ao mesmo mês no ano passado. É a primeira em 2009 que na comparação com os últimos 12 meses o ano vigente apresenta vantagem. Ainda assim, no primeiro semestre as exportações de carne in natura tiveram receita de US$ 1,3 bilhão, queda de 28,82% em relação ao mesmo período de 2008. O volume teve retração de 12,91%, somando 454,8 mil toneladas.

 

Contratos agropecuários

 

O primeiro semestre agrícola da BM&F terminou com números desanimadores. Os contratos futuros para os produtos agrícolas recuaram de pouco mais de 1,66 milhão para 952,3 mil. Em volume financeiro a queda é ainda mais expressiva, de US$ 6,16 bilhões para US$ 2,23 bilhões.

 

O contrato de etanol é o que se encontra em pior situação e praticamente inexiste na Bolsa. De acordo com José Ricardo Severo, assessor técnico da Comissão de Açúcar e de Álcool da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para o setor sucroalcooleiro o que é importa o mercado atual já que há uma grande necessidade dos produtores e usineiros gerarem caixa. "A situação se agrava para as destilarias que tem a produção voltada apenas para a produção de álcool", afirmou Severo. É o caso das áreas de expansão do plantio de cana-de-açúcar.

 

Para o mercado de grãos a perspectiva também não é das melhores para milho e soja. Os contratos de milho futuro e milho com liquidação financeira somaram juntos US$ 148,1 milhões. No ano passado, quando havia apenas o contrato para milho futuro, o setor já havia feito mais de 212,5 mil contratos até o junho, movimentando US$ 526,9 milhões. Com um mercado mais favorável os contratos de soja movimentaram no primeiro semestre US$ 218,4 milhões, ante 376,5 milhões no mesmo período de 2008.

 

O café mesmo com um volume muito menor, de 402,4 mil para 283,7 mil contratos, conseguiu manter o volume financeiro nos mesmos patamares que os do ano passado, recuando apenas de US$ 1,13 milhão para US$ 1,05 milhão.

 

Veículo: DCI


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