O I Fórum de Piscicultura em Tanques-rede do Sudoeste Paulista reuniu aproximadamente 150 pessoas, entre elas piscicultores, produtores rurais, agricultores familiares, técnicos e estudantes dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul. O evento aconteceu nos dias 31 de julho e 1° de agosto, em Avaré.
O fórum contou com a realização de 13 palestras que discutiram projetos que contribuem com a ampliação da produção e comercialização do pescado produzido em tanques-rede, sustentabilidade da piscicultura na Bacia do Paranapanema e incentivo à instalação de novos empreendimentos que beneficiem a comunidade ribeirinha.
Piscicultor há três anos, Adrianus Sleutjes cria cerca de 40 mil tilápias distribuídas em 60 tanques-rede, em Angatuba , na cabaceira do Alto Paranapanema. Segundo ele, o custo de produção varia entre R$ 2,80 a R$ 3. "Vendo no mercado local e regional a um preço de R$ 3 a R$ 3,50, que é um valor considerado bom para cobrir o custo de produção e ter lucro razoável. Esse valor pode melhorar cada vez mais, à medida que agregamos mais qualidade ao peixe", explica Sleutjes. A partir da assistência técnica e do acesso à tecnologia, o produtor obteve orientações básicas para começar a atividade pesqueira.
Diferente de Adrianus, os 23 integrantes da Associação dos Agricultores Familiares do Bairro do Faria (Agrofaria) aderiram ao projeto neste ano. Desde o início, pretendem começar a produção de peixe com 210 tanques-rede com o objetivo de dobrar a estrutura instalada na cidade de Arandu.
Jorge Ubiratan, presidente da Agrofaria, acredita que o projeto do Sebrae-SP dá instruções ao produtor na obtenção de acesso ao capital e apoia o pequeno piscicultor ao oferecer ferramentas para conquistar o mercado consumidor com um preço acessível.
"O conhecimento técnico tem um custo e ficaria difícil sem o auxílio do Sebrae-SP na hora de administrar o negócio. Estamos em sistema embrionário; em breve, vamos adaptar as técnicas de gerenciamento do negócio em nossas propriedades", explica Ubiratan, presidente da associação.
Potencial inexplorado
A Bacia do Paranapanema abrange uma área de 150 mil hectares de espelho d´água. As represas de Jurumirim e Xavantes possuem mil quilômetros quadrados de lâmina de água. Nesse cenário, o Governo Federal vai investir recursos de até R$ 465 milhões voltados ao incentivo da piscicultura como atividade de agronegócio, que terá como metas organizar a cadeia produtiva, instalar projetos e empreendimentos do setor e promover técnicas sustentáveis econômica, social e ambientalmente.
"O Fórum é resultado do sonho de muita gente que percebeu o potencial de aquicultura como alternativa para geração de trabalho e renda disposta a colocar a produção de pescado de qualidade mais acessível de quem quer consumir uma das maiores fontes de proteína na alimentação", diz o presidente da Cooperativa do Médio e Alto Paranapanema (Coomapeixe), Fernando Franco.
De acordo com o gerente de projetos do Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA), Rodrigo Roubach, representante do ministro Altemir Gregolin, o foco do trabalho na Bacia do Paranapanema é atender o déficit do fornecimento de peixe à população. "Temos que dar condições de produzir mais pescado para contemplar o mercado doméstico e também destinar ao mercado exportador", comenta Roubach, que declarou que a Bacia tem um potencial de produção de 100 mil toneladas de peixe por ano.
O gerente regional do Sebrae-SP de Botucatu, Luiz Carlos Donda, aponta dois fatores capazes de transformar o forte potencial da Bacia em um negócio rentável aos pequenos produtores de peixe: políticas públicas estruturadas e crédito.
Veículo: DCI