Pequenos lutam para manter espaço

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Nas duas últimas semanas, a indústria de carne bovina brasileira passou por um forte e rápido processo de consolidação, de tal forma que 30% de todos os animais abatidos nos País é feito agora por apenas três empresas. Diante dessa nova realidade, os frigoríficos de menor porte já se preparam para acompanhar o movimento, seja por meio de expansão seja na melhoria dos processos atuais para ganhar competitividade.

 

O paulista Frigol, com sede em Lençóis Paulista, possui atualmente três plantas em operação, com uma capacidade para abater até 2,5 mil cabeças por dia, além de uma planta para abate de suínos para até 500 animais por dia. A expectativa da empresa, no entanto, é elevar para até 4 mil cabeças sua capacidade de abate por meio de arrendamentos de unidades já existentes em regiões onde o preço da matéria-prima ainda é baixo. A empresa não revela quais regiões estariam na mira para o investimento, nem mesmo o montante que será aplicado nesse processo de expansão. Algumas fontes do mercado dizem, no entanto, que o Frigol estaria próxima de inaugurar uma planta no Pará.

 

Com uma atuação mais restrita e unidades trabalhando para abastecer sua unidade de produtos industrializados, o frigorífico Frisa pretende manter as três unidades que possui atualmente no Espírito Santo, em Minas Gerais e na Bahia e investir na melhoria da eficiência da própria empresa.

 

"Nossos movimentos são mais conservadores. Pensamos em investir na melhoria de nossa eficiência, já que investir em uma unidade não provocaria uma mudança significativa em nosso negócio", afirma Maria Stella Bennesby, diretora de Comércio Exterior da empresa. Até antes da incorporação da Bertin pela JBS e pelo arrendamento das unidades do Margen e Mercosul pelo Marfrig, os frigoríficos Frisa e Frigol eram considerados pelo mercado como de médio porte. Na mesma categoria podem ser enquadrados os mato-grossenses Frialto e Pantanal, o mineiro Mataboi, o catarinense Pamplona e o paulista Minerva.

 

Com exceção deste último, todos os demais são vistos hoje pelo mercado como indústrias de pequeno porte. Considerando sua expansão, o Frigol deverá representar 2% da capacidade de abate do Brasil, mesmo percentual que detém o Frialto. Já o Frisa representa apenas 1% da capacidade instalada para abate, enquanto o Minerva, que possui ações negociadas na Bovespa, detém 3%.

 

Em relação ao movimento das grandes empresas que estão realizando fusões e aquisições, Maria Stella considera que o recente processo de consolidação é positivo para o setor. "Estamos no mercado desde a década de 70 e vimos muitos processos de consolidação, mas esse de agora parece que é um crescimento mais organizado. Apesar de assustar um pouco, uma das principais vantagens é que esse movimento ajuda a combater a informalidade", afirma Maria Stella.

 

Visão semelhante tem o diretor de controladoria do Frigol, Dorival Gonzaga de Oliveira. Para ele, a concentração mostra o amadurecimento e fortalecimento de um segmento responsável por criar um grande número de empregos e ser fortemente exportador. Além disso, a empresa deve procurar novos nichos que serão criados. "Somos uma companhia que atua na distribuição segmentada do mercado interno, sempre buscando novos nichos que surgem com esta grande movimentação de concentração no setor", disse Oliveira.

 

É exatamente em nichos e especialidades que os frigoríficos menores terão que se dedicar para sobreviver no mercado. Segundo o consultor José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP, as pequenas empresas passarão por um processo de consolidação. "Nos próximos três anos, quem achar esse nicho e mantiver um bom relacionamento com seus fornecedores e clientes sobreviverá ao mercado. As que não encontrarem isso ficarão de fora", afirma Ferraz.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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