Marfrig negocia aquisição do frigorífico Independência

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A Marfrig Alimentos planeja expandir sua atuação no segmento de carne bovina no Brasil. Depois de arrendar 11 unidades dos frigoríficos Margen e Mercosul, o grupo negocia agora a aquisição do Independência, que enfrenta nesse momento um processo de recuperação judicial e realizará assembleia de credores na próxima segunda-feira.

 

Segundo fontes do setor, as duas empresas estariam negociando enquanto esperam que o plano de recuperação seja aprovado na assembleia. Hoje, o Independência tem sob sua administração 11 unidades de abate, das quais apenas duas estão em operação, uma em Janaúba (MG) e outra em Rolim de Moura (RO). Apesar de estar com sua operação bastante reduzida, as plantas do Independência são consideradas bem estruturadas e localizadas em regiões onde a pecuária tem forte presença.

 

A Marfrig, no entanto, enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um comunicado negando que esteja em negociações com o frigorífico Independência. A nota informa que "não existe qualquer acordo ou negociação em curso entre a Marfrig Alimentos e o Frigorífico Independência". A empresa encontra-se no momento em período de silêncio devido a distribuição pública primária de ações.

 

As duas unidades do Independência que ainda funcionam possuem juntas capacidade de abate de apenas 1,9 mil cabeças por dia. Já a capacidade instalada total do Independência é de 9,3 mil cabeças por dia. No entanto, a Marfrig não estaria interessada apenas na capacidade instalada do Independência. O negócio ainda envolveria os cinco armazéns, as três indústrias de couro - que juntas têm uma capacidade de beneficiamento de 10 mil peles por dia - e também as duas indústrias de carne seca, com capacidade de 1,7 mil toneladas por dia. Com isso, a Marfrig reforçaria a presença no setor bovino e entraria no segmento de couro.

 

O fato de o Independência estar em recuperação judicial não seria empecilho para o negócio. Segundo o advogado Eduardo Guerra, do escritório Guerra e Batista Advogados, uma empresa em recuperação pode ter parte de seus ativos vendidos ou ser integralmente negociada desde que haja uma aceitação por parte dos credores. "Isso pode ocorrer desde que o dinheiro da venda seja suficiente para pagar os passivos. Outra alternativa seria a incorporação da empresa em recuperação, incluindo seus ativos e passivos", afirma Guerra.

 

O advogado lembra, no entanto, que no caso de uma venda integral, os juízes dificilmente aprovam o negócio antes que o plano de recuperação seja aprovado pela assembleia de credores. Nesse caso, Guerra explica que a empresa em recuperação pode ser vendida depois de ter seu plano aprovado. A compradora passa a assumir os ativos e cumprir o pagamento dos passivos de acordo com o que foi determinado pelo plano.

 

"Em uma eventual falência, o patrimônio da empresa que já foi listado no plano pode ser automaticamente colocado à venda com uma determinação do juiz", afirma Guerra. No caso das negociações entre Independência e Marfrig, o sentimento do mercado é de que o plano será aprovado na próxima semana. Se isso acontecer, a Marfrig poderá se capitalizar no mercado para colocar em operação as unidades do Independência que estão paralisadas. Procurada, a Marfrig informou que não poderia comentar o caso porque está em período de silêncio devido a uma distribuição pública primária de ações.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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