Em 2009, consumidor conviveu com preços em queda, movimento que não deve continuar com a chegada de 2010. Mas não há motivo para preocupação. As altas não devem ser expressivas
O consumidor não irá mais encontrar em 2010 preços até 30% mais baixos como os verificados no decorrer deste ano em São Paulo. Isso porque o fim da política governamental de isenção de impostos, o aquecimento da economia e a recuperação de setores como o de turismo não permitirão mais reduções tão significativas. Pelo contrário, darão espaço para aumento de preços.
A boa notícia é que não haverá preços com altas expressivas nas gôndolas dos supermercados e vitrines das lojas. “Os preços caíram muito e isso não deve continuar no ano que vem. Mas essa recuperação deve ser gradual, não haverá um choque de preços. A atual política econômica do País limita a alta da inflação”, analisa André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
De janeiro a novembro de 2009, foram verificados preços de 10% a 30% mais baixos em quase 10 itens que compõem a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para a região metropolitana de São Paulo.
São produtos como o feijão carioca (-33,07%), transporte aéreo (-22,26%), carne de porco (-12,94%), arroz (-12,91%), excursões (-12,33%), automóvel usado (-11,63%) e máquina de lavar roupa (-10,29%) (saiba mais sobre o comportamento dos preços em 2009 no quadro ao lado).
Parte dessas baixas foram motivadas pela desoneração de tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), medida adotada pelo governo federal para incentivar o consumo e, consequentemente, provocar o aquecimento da economia brasileira durante a crise econômica mundial. No ano que vem, Gian Barbosa, economista da consultoria Tendências, prevê o fim da política de desonerações à medida que há previsão de crescimento da economia.
“Porém, a demanda mundial por commodities, principalmente nos países desenvolvidos, deve continuar e pressionar os preços de alimentos para baixo. Já não iremos observar altas extraordinárias como a do açúcar refinado (60%), que ocorreu por problemas no fornecimento do produto pela Índia.”
O maior impacto nos preços deve acontecer no grupo de transportes, com a previsão de aumento da tarifa de ônibus urbano, já no início de 2010, e a recuperação do setor aéreo, assim como o fim da isenção do IPI para veículos.
A maioria dos preços altos neste ano se concentrou no setor de serviços, como a verificada no item manutenção de veículos, ou em produtos que sofrem com a sazonalidade (roupas e alimentos). Em 2010, o comportamento deles não deve mudar.
“A tendência de preços mais altos no setor de serviços, acima da inflação, é verificada há pelo menos três anos. Enquanto a demanda por eles continuar aquecida, impulsionada pelo aumento da massa salarial com a política de valorização do salário mínimo, esse comportamento deve continuar, talvez com menos força”, explica Barbosa.
Já os preços do álcool e do botijão de gás não devem subir mais no ano que vem (veja o comportamento do preço do álcool em 2009 abaixo).
Análise de 2009
Apesar do sobe e desce de preços, os grupos alimentação, transporte e comunicação subiram abaixo da inflação geral de 2009 medida até novembro e que está acumulada em 4,07%. Já os grupos de educação, vestuário, habitação, saúde e despesas pessoais tiveram reajustes acima da inflação.
Veículo: Jornal da Tarde - SP