A mediana das projeções do mercado para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2010, atingiu 4,6% na semana passada, informou ontem o boletim Focus do Banco Central (BC). Esta é a primeira vez, depois de um ano, que a pesquisa da autoridade monetária, feita com aproximadamente uma centena de bancos e empresas, indica expectativa de inflação superior à meta central, de 4,5%, fixada pelo governo para este ano.
Ao fixá-la, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo. Por isso, mesmo na hipótese de o IPCA ficar em 4,6% em 2010, a meta de inflação não será descumprida, já que o teto é 6,5%.
Ainda assim, por causa dos seus possíveis efeitos sobre as decisões de política monetária do BC, merece destaque o fato de a expectativa inflacionária dos agentes econômicos ter se deteriorado, após passar mais de um ano em 4,5% ou abaixo disso. Quanto mais inflação espera o mercado, maior a chance de o BC elevar a meta de taxa básica de juros (Selic).
Atualmente, a taxa Selic está em 8,75% ao ano. A expectativa do próprio mercado é que ela comece a subir ainda no primeiro semestre do ano, encerrando dezembro em 11,25% ao ano. Na média do ano, a taxa ficaria em 9,98% ao ano.
Para 2011, a mediana das projeções de variação do IPCA manteve-se em 4,5%. Já as expectativas relacionadas ao déficit brasileiro em transações correntes com o exterior voltaram a piorar. Para 2010, a mediana da projeções passou a indicar déficit corrente de US$ 47,5 bilhões, ante US$ 45,5 bilhões indicados na pesquisa Focus divulgada na semana anterior.
Para 2011, a mediana sinaliza que o mercado espera um saldo também negativo de US$ 59,47 bilhões na conta de transações correntes do país, conta que inclui gastos e receitas com comércio, serviços, com transferências de renda e com transferências unilaterais. Na pesquisa da semana anterior, o mercado esperava déficit de US$ 55 bilhões em 2011.
Veículo: Valor Econômico