Ipea apura ascensão social de 14 milhões de brasileiros

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Quase 14 milhões de brasileiros ascenderam socialmente no País entre 2001 e 2007, de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo a pesquisa "Pobreza e Mudança Social", 10,2 milhões de brasileiros passaram da classe de renda mais baixa (até R$ 545,66) para a faixa de renda média (de R$ 545,66 a R$ 1.350,82), e 3,6 milhões saltaram da renda média para a classe mais alta (acima de R$ 1.350,82).

 

A análise foi feita com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 23,8% e a renda familiar per capita 15,6%.

 

"As pessoas caminharam socialmente superando a inflação e o crescimento médio do País entre 2001 e 2007", disse a jornalistas o economista do Ipea Ricardo Amorim. "Foi uma mobilidade social importante no País que não se via há muito tempo, desde os anos 80", disse ele, creditando a ascensão aos programas de transferência de renda (Bolsa Família), à política de aumento real do salário mínimo e ao crescimento da economia.

 

O Ipea traçou também um perfil do brasileiro que avançou socialmente. "Para os estratos mais baixos há influência mais forte do salário mínimo e transferências de renda e para a renda maior há um claro impacto do mercado de trabalho melhor", disse Amorim.

 

Metas do Milênio

 

O estudo mostra que o País está adiantado no cumprimento da primeira das Metas do Milênio, estabelecidas pela ONU, de reduzir à metade a extrema pobreza. Em 2001, uma parcela de 17,3% da população estava na extrema pobreza (viviam com renda per capita mensal inferior a R$ 87). Em 2007, esse percentual caiu para 10,2%.

 

A queda média ao ano foi de 7,2 pontos percentuais e a meta era de reduzir 2,2 pontos percentuais ao ano. "A extrema pobreza está caindo em uma velocidade três vezes maior do que o proposto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O que fizemos não foi um milagre; foi um conjunto de políticas públicas que precisam continuar e melhorar", afirmou o economista do Ipea Ricardo Paes de Barros, que estima em um dígito o percentual em 2008.

 

O Ipea aponta ainda que a desigualdade social no Brasil diminuiu de forma acelerada entre 2001 e 2007. O índice de Gini, que mede o grau de distribuição de renda, caiu 1,2% ao ano no período ou 7% de 2001 a 2007. "Se olharmos nossa desigualdade, ela ainda é uma das maiores do mundo, mas estamos entre os países que mais reduzem desigualdade no mundo", disse Paes de Barros.

 

Entre 2001 e 2006, a renda per capita dos 10% mais pobres cresceu 7% ao ano, enquanto a dos 10% mais ricos aumentou 1% ao ano. "Os 10% mais ricos crescem como se estivessem no Senegal, e os 10% mais pobres como se estivessem na China", comparou Paes de Barros ao lembrar que o Brasil já esteve entre os 5% dos países com a maior desigualdade de renda e hoje está no grupo dos 10% mais desiguais no mundo.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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