Santander aposta no crédito para pessoa física

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O incentivo ao consumo interno deve continuar a ser um dos principais motores da expansão do crédito, apesar da onda de investimentos esperados no País nos próximos anos, principalmente em projetos de infraestrutura. Além do empréstimo consignado, visto ainda com grande potencial e baixo risco, o País tem um déficit habitacional que deve impulsionar o crédito imobiliário a uma participação de dois dígitos do PIB em cinco anos, ante representatividade atual de 3%, além de uma esperada expansão do setor de cartões de 20% nos próximos anos, em que a autoridade monetária procurará aumentar a concorrência no setor.

 

Nesse cenário, o banco Santander elegeu essas três áreas como as "alavancas fundamentais" de seu crescimento nos próximos anos. Segundo o vice-presidente de Finanças da instituição, Carlos Galan, esta deve ser a estratégia de crescimento do crédito, pelo menos no médio prazo. "O ano passado foi um ano de transição. Estamos bem posicionados e usaremos a capacidade que nosso índice de Basileia proporciona para alavancar o capital da instituição", disse ele, durante reunião com a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do. Mercado de Capitais (Apimec) para demonstração dos resultados de 2009.

 

O banco encerrou o ano com um índice de Basileia, excluído ágio, de 25,6%, ante 14,7% em 2008. O indicador mede o nível de alavancagem das instituições financeiras e, pelas regras do Banco Central, deve ser de no mínimo 11%.

 

A carteira total da instituição chegou a R$ 138,394 bilhões, crescimento de 1,7% sobre 2008. A pessoa física teve expansão de 10,7%, a R$ 43,352 bilhões. Deste total, o crédito consignado chegou a R$ 10,176 bilhões, 33% superior ao de 2008, enquanto o financiamento habitacional cresceu 30,6%, a R$ 9,086 bilhões. Por sua vez, o segmento de cartões teve expansão de 21,4% na comparação anual, a um saldo de R$ 8,472 bilhões. A instituição projeta "no mínimo" acompanhar o crescimento do mercado, na casa dos 20%.

 

"Neste ano, trabalharemos para conseguir mais. No entanto, esse é um projeto de médio prazo", avisou o executivo.

 

No financiamento habitacional, a maior dificuldade de crescimento, segundo Galan, é a falta de fontes de captação adequadas. "É preciso que tenha um funding estável, este é o desafio no médio prazo. Esse é um processo que já está sendo estudado, com a criação da letra financeira pelo Banco Central, mas devem aparecer outros instrumentos", avalia.

 

Prova da atratividade desses mercados é o movimento realizado pelo Banco do Brasil, a maior instituição financeira do País, para aumentar sua carteira de pessoa física no ano passado. Daquele que foi sua especialidade durante anos, crédito para empresas, o BB adquiriu junto ao governo paulista o banco Nossa Caixa, especialista em crédito consignado, e parte do banco Votorantim, com o propósito de alavancar sua carteira de automóveis.

 

No setor de cartões, o BB ainda é um grande player como sócio da Cielo, adquirente do setor de cartões. A instituição iniciou também participação no setor imobiliário, no fim de 2008, chegando a uma carteira de R$ 1,5 bilhão em 2009, mas com a meta de estar entre os três maiores financiadores habitacionais do País em 2012.

 

Ainda na pessoa física, o Santander também reviu sua atuação no crédito para automóveis. "Em 2009 foi um ano que trabalhamos mais internamente que no mercado no setor. Houve uma reorganização da companhia para aumentar a rentabilidade e a meta é voltar a crescer", disse Galan. O setor teve expansão de 2,8% em 2009, ante 2008, a estoque de R$ 22,575 bilhões. O executivo projeta uma expansão de 10% do segmento este ano.

 

O banco quer ainda aumentar a representatividade de seguros em seu balanço. Segundo Galan, com as áreas do Santander e do Real integradas desde o último trimestre de 2009, a instituição deve buscar esse aumento. "Queremos que os produtos de seguro tenham com os clientes do Real a mesma penetração que entre os do Santander", explica. Outra estratégia, diz, é utilizar o crescimento projetado na área de veículos para fazer vendas cruzadas.

 

Resultado

 

O lucro da instituição em 2009 foi de R$ 5,508 bilhões, avanço de 40,8% em relação ao ano anterior, sem levar em conta a amortização de ágio pela aquisição do Banco ABN Real.

 

Este ano, o presidente do Grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa, na ocasião de divulgação dos números, disse esperar um crescimento mais significativo da carteira de crédito, e consequentemente no resultado final.

 

"Evitamos fazer uma projeção exata, mas podemos dizer que no Brasil, para cada ponto percentual de crescimento do PIB, o crédito cresce de 2 a 2,5 pontos percentuais. Portanto, estamos otimistas", comentou Barbosa, no início do mês passado.

 

O banco teve ainda uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido anualizada de 9,8%, ante um índice de 10,3% em 2008.

 

Veículo: DCI

 


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