Steinbruch substitui Skaf no comando da Fiesp

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Empresários têm estilos bem distintos e mudança na presidência da federação das indústrias paulistas vai ocorrer discretamente

 

O empresário Benjamin Steinbruch, controlador da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), assume amanhã a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em substituição a Paulo Skaf, que se licencia do cargo para disputar o governo de São Paulo pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB).

 

A troca de comando da principal entidade empresarial do País não seria notada não fosse pelo fato de serem personalidades de estilos tão diferentes. Steinbruch gosta de atuar nos bastidores, enquanto Skaf adora flashes. A mudança da presidência da Fiesp não terá nenhuma cerimônia. Muito diferente da posse de Skaf, em seu primeiro mandato, em 2004, comemorada nos jardins do Museu Paulista, no Ipiranga, com direito à presença de ministros e grandes nomes do PIB brasileiro.

 

Além de ser primeiro vice-presidente da Fiesp, Steinbruch é amigo de Skaf há mais de 30 anos. Tanto que foi seu padrinho de casamento. Ambos têm origem no setor têxtil - a família de Steinbruch começou a fazer fortuna com o Grupo Vicunha. Skaf presidiu a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) por muitos anos.

 

Foi o presidente da CSN o principal patrocinador da campanha de Skaf à Fiesp. Apesar de ser o número dois na hierarquia da entidade, Steinbruch não é frequentador assíduo do emblemático prédio da Avenida Paulista. "O Benjamin só tem participado das reuniões importantes ou estratégicas", conta um empresário do setor.

 

Agora, no cargo de presidente em exercício, a expectativa é de que Steinbruch dê expediente diário de meio período na federação. Mas nada que lembre a jornada extenuante de Skaf. O agora candidato ao governo paulista costumava passar até 14 horas diárias a serviço da entidade. Chegava às 7 horas e já teve ocasião em que terminava o expediente só depois de encarar até três jantares de trabalho.

 

Além das articulações políticas, há ainda o desafio de administrar o sistema Fiesp, com o Serviço Social da Indústria (Sesi-SP), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-SP) e o Instituto Roberto Simonsen (IRS), cujo orçamento de R$ 1,5 bilhão é maior do que o de muitas cidades brasileiras. No Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Skaf será substituído por Rafael Cervone, presidente da Tectex e do Sindicato da Indústria Têxtil e de Confecções do Estado de São Paulo (Sinditêxtil)

 

Na nova gestão, as negociações de temas recorrentes, como a redução da carga tributária, o corte dos juros e as reformas estruturais no País, vão ser mais na base da diplomacia, a portas fechadas. "O Benjamin é uma pessoa bem relacionada e faz o caminho da diplomacia. Às vezes, isso dá mais resultado que a briga pública", diz um diretor.

 

Bagres e tubarões. Dizia Mário Amato, ex-comandante da Fiesp na década de 80, que o presidente da entidade é muito mais importante pelo que ele evita do que pelo que ele faz. Steinbruch é desse tipo. Mas já há empresários prevendo que a entidade vai perder um pouco de sua capacidade de mobilização. "Ele não é de perder tempo nem tem paciência para atender bagres, apenas tubarões", afirma um desses empresários.

 

Para muitos, a substituição na presidência da Fiesp será na verdade uma composição entre Steinbruch e o segundo vice-presidente da entidade, João Guilherme Ometto, presidente do conselho de administração da São Martinho, do setor sucroalcooleiro. Como não é presidente executivo de empresa, como Steinbruch, Ometto não perde nenhuma reunião na Fiesp.

 

A chegada de Steinbruch à presidência da entidade também deverá significar mais espaço e voz para os diretores de departamento. "Ao contrário de Skaf, ele não é centralizador", afirma um executivo da casa.

 

A gestão de Steinbruch na Fiesp pode ser curta, dependendo do desempenho de Skaf nas urnas. Se vencer a disputa pelo governo do Estado, ele pode reassumir a presidência da entidade em outubro e permanecer até 31 de dezembro. Se não for eleito, além de voltar, pode ainda participar da eleição para mais um mandato na presidência da Fiesp, em setembro de 2011.

 

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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