Entidades do comércio afirmaram ontem que o aumento da Selic mostra um medo exagerado da autoridade monetária sobre a possibilidade de aumento da inflação e a classifica como conservadora. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou os juros de 10,25% para 10,75% ao ano.
Para o diretor-executivo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), Antonio Carlos Borges, o reajuste é "absolutamente desnecessário". "O momento pede uma parada técnica para que o BC análise melhor a situação a partir dos aumentos dos juros básicos nos meses anteriores e possa tomar a decisão mais acertada daqui para a frente", avaliou. A Fecomercio ressalta que alterações na Selic costumam levar de quatro a oito meses para surtirem efeito na economia real.
"O processo de aperto monetário iniciado em abril ainda nem gerou efeitos expressivos na economia real, embora tenha provocado efeito psicológico muito forte no consumidor, que passou a demandar menos produtos", ponderou Borges.
Ele destacou ainda o fim de incentivos tributários para linha branca e automóveis. "As ações do BC têm se mostrado inapropriadas e ineficientes nesse momento", avaliou.
Para a Fecomércio-RJ, o Copom continua exagerando na dose de conservadorismo. "Com a inflação sob controle, com deflação apurada por alguns indicadores, recuo nas vendas e desaceleração do emprego, o Comitê poderia acertar a dose e manter os juros básicos da economia", afirmou em nota Orlando Diniz, presidente da entidade.
Indústria - Apesar de o Banco Central ter diminuído o ritmo na alta da taxa básica de juros da economia brasileira, entidades empresariais e sindicais criticaram a decisão. O aumento de 0,5 ponto percentual - para 10,75% ao ano - foi considerado inadequado diante dos sinais de arrefecimento da economia e da inflação. (FP)
Veículo: Diário do Comércio - MG