Economia brasileira cresceu 0,02% em junho, informa BC

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O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central manteve a posição de estabilidade apresentada em maio também para o mês de junho, ao marcar variação de 0,02%. O anúncio fortalece ainda mais a posição de economistas para que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece dias 31 de agosto e 1º de setembro, não haja outra elevação na taxa de juros - Selic - assim como nas últimas três reuniões.

 

Com essa oscilação, o índice ficou em 139,26 pontos em junho. O dado de maio foi revisado para 139,23 pontos, número 0,06% menor que o observado em abril.

 

Na divulgação feita no mês passado, do indicador de maio, o índice havia ficado em 139,55 pontos, estável na comparação com abril, dessazonalizada. Na comparação com junho do ano passado, o índice divulgado nesta quarta subiu 8,59%.

 

Os números do BC mostram, porém, que a atividade cresceu fortemente de janeiro a junho deste ano, com avanço de 9,96%, após ajustes sazonais. "O IBC-Br é uma das ferramentas utilizadas pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros da economia brasileira, que está em 10,75% ao ano. Apesar de achar que a última elevação de 0,5% não devia ter ocorrido, mas ter adiantado que iria ser exatamente este valor, acho que o Copom vai perder o gás para manter qualquer aumento desta vez", argumenta o diretor da Fractal, Celso Grisi.

 

A estimativa dos analistas é de que não haverá novos aumentos, mas caso haja não ultrapassará os 0,25% e será somente mais um. A expectativa do mercado financeiro é de que a Selic atinja 11% no fim de 2010. Grisi completa ao dizer que não é necessário continuar a punir a economia brasileira, uma vez que os preços estão acomodados e o crescimento estabilizado. Contudo, ele frisa que o nível de empregos formais não pode estabilizar ou recuar, "o emprego deve continuar crescendo, mesmo que em ritmo menos acelerado".

 

Para o professor da PUC-RJ e consultor da Opus, José Márcio de Camargo, a desaceleração registrada não significa tendência de estagnação da economia. "Indicadores do mês de julho apontam sinais de que no terceiro trimestre haverá recuperação", avalia o economista.

 

O aumento da taxa de juros promovido pelo Banco Central no mês passado, para 10,75% ao ano, arrefeceu um pouco o movimento do comércio varejista, mas não foi suficiente para frear o processo de crescimento, na avaliação do presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior.

 

"O aumento dos juros foi tomado com o intuito de esfriar o ritmo desse crescimento e, se não fosse isso, o crescimento seria ainda maior", disse. "A elevação, no entanto, não chegou a ser um obstáculo para que se mantivesse o ritmo de crescimento de vendas", acrescentou Pellizzaro.

 

A tendência positiva no aumento das vendas e na redução das dívidas em atraso reflete, na avaliação do presidente da CNDL, a boa fase pela qual passa a economia brasileira. "A manutenção do emprego e a renda sustentam estes números. As pessoas estão saldando seus débitos e pagando cada vez mais em dia", observou Pellizzaro.

 

"O comércio vive um bom momento, sem dúvida nenhuma, e o consumo da família brasileira deve continuar puxando o PIB nacional", acrescentou.

 

PIB

 

"Esse índice é realmente uma prévia do PIB, por isso podemos afirmar que no segundo trimestre deste ano teremos um crescimento entre 5% e 6%. Uma vez que abril foi um mês positivo, maio teve seus altos e baixos e junho teve uma leve queda", pontua Celso Grisi.

 

Mesmo com o crescimento moderado, Grisi afirma que o PIB no fim de 2010 será de 6%.

 

"O FMI prevê que o PIB mundial avançará 4,6% em 2010 e 4,3% em 2011. A RC acredita que em 2010 o mundo crescerá 3,3% e no próximo ano a 3,3%. No Brasil esperamos alta do PIB em 6,5% em 2010 e de 3,5% para 2011. Isto porque vamos ser impactados pela situação de países desenvolvidos", ressalta Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores.

 

"O cenário não preocupa, pelo contrário, ele tranquiliza. Vínhamos em crescimento acelerado e aumentamos o nosso déficit externo com aumento das importações. Vamos ter uma acomodação na balança comercial, menos pressão no crescimento que reduz o risco de pressão e bolhas inflacionárias", pontua Grisi.

 

A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para estes três setores econômicos acrescida dos impostos sobre produtos, que são projetados a partir da evolução da oferta total (produção + importações).

 

A atividade econômica ficou praticamente estável em junho, na comparação com maio, segundo levantamento feito pelo Banco Central. Em 12 meses, a economia brasileira teve crescimento de 8,59%.

 


Veículo: DCI


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