Inflação freia de novo em julho: 0,01%

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Queda nos preços de alimentos e bebidas mantém o IPCA praticamente estável e fica abaixo das expectativas dos analistas

 

A inflação ficou praticamente estável no mês de julho, forçando novas revisões para o resultado do ano. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve como parâmetro para o cálculo da meta inflacionária do governo, registrou leve alta, de 0,01%, em relação a junho, com uma contribuição decisiva do setor de alimentos e bebidas, cuja queda de preços surpreendeu analistas.

 

De acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), A taxa em 12 meses do IPCA até julho, de 4,6%, foi a menor desde janeiro deste ano, de 4,59%. Segundo a coordenadora de Índices de Preços do instituto, Eulina Nunes, este foi o terceiro freio consecutivo na taxa acumulada em 12 meses - uma "boa notícia" para o cumprimento da meta.

 

Na avaliação do consultor Fábio Romão, da LCA Consultores, o grupo de alimentos e bebidas teve uma queda superior à esperada em junho e julho. "Isso fez que o mercado reduzisse suas projeções de inflação para este ano, de algo em torno de 6% para um patamar próximo a 5%", afirmou.

 

Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central, acredita, porém, que o índice próximo a zero não representa uma tendência. "Isso é uma questão pontual, uma acomodação", disse o economista. "No segundo semestre, a demanda fica mais aquecida, mas a inflação deve fechar o ano um pouco abaixo das expectativas."

 

Destaques. Os alimentos "in natura" foram destaque entre os preços pesquisados pelo IBGE, em especial o tomate, que teve queda de 23,90% em julho. No primeiro trimestre, os preços desses alimentos subiram muito por causa de problemas climáticos que reduziram a oferta. Agora, os preços começam a cair.

 

"Podemos dizer que os alimentos ainda não "devolveram", por assim dizer, no IPCA, tudo que subiram no início do ano", afirmou Eulina Nunes.

 

Ela não descartou a possibilidade de uma continuidade de taxas negativas em alimentos e bebidas no curto prazo, mas ressaltou que não há como fazer previsões certeiras sobre o comportamento dos preços, que são muito voláteis e influenciáveis pelo clima.

 

Além de alimentos e bebidas, tiveram queda em julho os grupos vestuário (0,04%)e educação (0,03%). Entre os itens que registraram alta, estão habitação (0,54%), afetado pela aumento da energia elétrica; transporte (0,08%), puxado pelo elevação dos preços de transporte urbano; e saúde e cuidados pessoais (0,31%).

 

Alta de juros. O fato de a taxa oficial de inflação estar próxima da estabilidade em julho pode fazer com que o Banco Central interrompa o atual ciclo de aumento da taxa básica de juros (Selic), prevê o superintendente de economia e pesquisa da Fecomércio/RJ, João Carlos Gomes.

 

"Não há indicações que sustentem mais uma alta. Vemos uma acomodação da atividade econômica e indicadores bastante confortáveis", avalia.

 

Romão, da LCA, acredita que um fim do ciclo de aumento da Selic por parte do Copom seja poss[ível, apesar de a previsão da consultoria ser de aumento de meio ponto porcentual na taxa de juros básica."A atividade econômica no País vai evoluir de forma mais modesta", diz.

 

Já Freitas avalia que o aumento da taxa de juros deve ser de 0,25 ponto porcentual. "O Banco Central já deu sinal na última ata do Copom de que deveria diminuir o ritmo", prevê o ex-diretor do Banco Central.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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