Salário inicial sobe 27% em sete anos

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Rendimento médio, já descontada a inflação, sobe de R$ 651 para R$ 829, mas alta apenas recupera perdas ocorridas em 2002

 

Os brasileiros que entram hoje no mercado de trabalho ganham 27% a mais que no início do governo Lula. O salário médio dos trabalhadores formais (com carteira assinada) recém-admitidos subiu de R$ 651,5 em janeiro de 2003 para R$ 829 em junho deste ano.

 

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, e foram corrigidos pelo Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC). O ajuste compensa as perdas provocadas pela inflação e torna os valores comparáveis.

 

Os salários médios iniciais estão entre os mais baixos da economia, porque incluem jovens com pouca experiência e pessoas que estavam desempregadas. É uma ótima notícia que a remuneração desse grupo tenha crescido, mas a vantagem não é tão significativa quanto parece.

 

Em outubro de 2001, um trabalhador recém-contratado recebia R$ 835. Os salários iniciais, portanto, apenas recuperaram os patamares do início da década.

 

Queda de salário. Em 2002 - um ano de crise e inflação em meio aos temores que o Partido dos Trabalhadores (PT) assumisse o poder - os salários despencaram.
"Houve uma recomposição do valor real do salário graças ao crescimento sustentado da economia entre 2004 e 2008", disse o economista da LCA Consultores, Fábio Romão.
"Mas é natural que a renda cresça mais devagar que o emprego", observou Romão.

 

A recuperação do poder de compra dos salários estimula o consumo e ajuda a manter o bom desempenho da economia brasileira, mesmo em meio à crise global. Mas traz preocupações com a inflação, porque pode pressionar os custos das empresas.

 

Pirataria. Segundo especialistas, a falta de mão de obra qualificada já provoca "pirataria" no mercado de trabalho, com empresas oferecendo salários mais altos e "roubando" funcionários dos concorrentes.

 

Outros fatores também explicam o crescimento da remuneração inicial dos brasileiros: os sucessivos reajustes do salário mínimo, os generosos aumentos concedidos ao servidores públicos, e o maior poder de barganha dos sindicatos nas negociações.
"Poucos recebem salário mínimo, mas é uma referência importante na economia, que pressiona as menores remunerações", explica o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore. "Além disso, os reajustes do setor público têm sido mais altos que nas empresas. Esses dois mercados se comunicam", completou Pastore.

 

Em termos reais (descontada a inflação), o salário mínimo saltou de R$ 304 em dezembro de 2002 para os atuais R$ 510 - uma alta de 67,8% durante o governo Lula.

 

As centrais sindicais estão propondo elevar o mínimo para R$ 570 em 2011.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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