Inflação estável pode acabar com o ciclo de alta dos juros

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O acumulado em 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou, até julho, para 4,6%, ante o registrado em junho (4,84%). Por ser muito próximo ao centro da meta estipulada para este ano (4,5%), o resultado foi comemorado pelo governo e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao divulgar o fechamento do IPCA do mês passado, na última sexta-feira.

 

Apesar de não descartarem a possibilidade da inflação ficar abaixo de 5%, especialistas não acreditam que o fechamento do IPCA observado até julho deve ser a trajetória para 2010. No entanto, a maioria deles revisou suas projeções para a taxa básica de juros (Selic) deste ano, com possibilidade de já o ciclo de aperto monetário feito pelo Banco Central (BC) já ter se encerrado.

 

O índice de preços fechou julho a 0,01%, muito próximo à taxa de junho (0,00%). No mesmo mês do ano passado, o IPCA havia fechado a 0,24%. Com o resultado do mês, o acumulado do ano está em 3,10%, acima dos 2,81% referentes a igual período de 2009.

 

Tatiana Pinheiro, economista do banco Santander, comenta que o resultado do mês passado vai ao encontro das análises do BC, apresentadas na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Desta forma, ela prevê que o aperto monetário já tenha se finalizado a 10,75%. "É uma boa notícia para a autoridade monetária, mas acredito que a inflação feche a 5,5%, isto porque o consumo vai ser forte, acompanhado de expansão do crédito, que já crescem 1% ao mês."

 

O resultado do IPCA de julho foi puxado pelos preços dos alimentos, que apresentaram deflação de 0,76%, ante retração de 0,90%, registrado em junho. Segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes, entre os alimentos, os in natura foram destaque entre os preços pesquisados pelo IBGE, em especial o tomate, que mostrou queda de 23,90% em julho.

 

O economista chefe do banco Banif, Mauro Schneider, afirma ser possível que o IPCA deste ano feche abaixo de 5%. "Ao analisar os dados dos cinco anos anteriores, os quais tiveram inflação final um pouco acima de 5%, em 2010 pode ter um IPCA abaixo deste patamar", avalia.

 

Contudo, ele entende que, os baixos preços de grupos que compõem o IPCA, como alimentos, podem ter se "esgotado", acompanhado pela previsão de aumento da demanda e da atividade econômica. "Desta forma, projeto que o IPCA feche entre 5,2% e 5,3%", diz, ao lembrar que a expectativa anterior estava entre 5,4% e 5,5%.

 

Schneider ainda não tem uma previsão para a taxa Selic neste ano. "Discute-se agora, se em setembro haverá ou não elevação. Se houver uma elevação será pequena, isto é, de 0,25 ponto percentual", observa. "Há uma boa probabilidade de já ter terminado o aperto monetário. Mas precisamos ficar atentos aos dados da economia", afirma o economista da Win Trade, José Góes.

 

Ele tem a menor expectativa para inflação de 2010 dos especialistas consultados pelo DCI, ou seja, 4,85%. "Como há uma previsão de que os preços dos alimentos estejam mais controlados, é possível que o IPCA fique próximo a 5%", entende.

 

"Houvesse sido o processo de elevação de preços em 2010 corretamente diagnosticado, não teria havido necessidade de aumento de juros, ou, pelo menos, essa elevação poderia ter sido muito mais modesta do que tem sido. O governo teria poupado recursos vultosos e os lucros financeiros maiores não subtrairiam recursos importantes para o financiamento dos investimentos na economia", analisa o Iedi, por meio de nota.

 

Boa notícia

 

Já para o governo, o resultado de junho foi uma "boa notícia". Para Eulina, o desempenho em 12 meses do índice apresentou em julho sua terceira desaceleração consecutiva - o que seria bom para o cumprimento de meta inflacionária este ano, na avaliação da técnica. Em junho, o IPCA 12 meses tinha ficado em 4,84%; em maio, 5,22%; em abril era de 5,26%.

 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também comemorou o resultado atingido em julho e disse que o ano deve encerrar com taxa entre 5% e 5,2%. "Fiquei satisfeito porque, mais uma vez, o IPCA veio próximo de zero. Foi provada a tese que nós defendemos desde o início do ano de que a inflação tinha subido por causa de um choque de oferta de alimentos e por causa das chuvas, que elevaram a inflação momentaneamente nos primeiros meses", disse.

 

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de preços do governo federal, ficou em 0,01% em julho, depois de ter taxa zero em junho. O comportamento da inflação já faz com que alguns bancos revejam suas projeções da taxa básica de juros (Selic) para o fim de 2010, e estas mudanças podem aparecer também no relatório Focus divulgado hoje pelo Banco Central.

 

Um dos bancos que alteraram a projeção para os juros foi o Santander. Depois da divulgação dos últimos indicadores de preço, o banco acredita que não haverá nova alta da Selic até o fim do ano. "É uma boa notícia para a autoridade monetária, mas acredito que a inflação feche a 5,5% porque o consumo vai ser forte, acompanhado de expansão do crédito, que já cresce 1% ao mês", afirma Tatiana Pinheiro, economista do Santander.

 

O acumulado em 12 meses do IPCA desacelerou, até julho, para 4,6%, em relação à taxa registrada em junho (4,84%). Em abril, a taxa acumulada em 12 meses chegou a 5,22%, a maior do ano até agora.

 

O economista-chefe do banco Banif, Mauro Schneider, afirma ser possível que o IPCA deste ano feche abaixo de 5%. "Ao analisar os dados dos cinco anos anteriores, os quais tiveram inflação final um pouco acima de 5%, em 2010 pode-se ter um IPCA abaixo deste patamar", avalia.

 

Contudo, ele entende que os baixos preços de alguns dos principais grupos que compõem o índice oficial de preços, como alimentos, podem ter-se "esgotado", acompanhados pela previsão de aumento da demanda e da atividade econômica. "Desta forma, projeto que o IPCA feche entre 5,2% e 5,3%", diz, ao lembrar que a expectativa anterior estava entre 5,4% e 5,5%.

 


Veículo: DCI


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