Em setembro, pelo quinto mês consecutivo, a cesta básica na capital amazonense se manteve como a terceira mais cara do país
Em setembro, pelo quinto mês consecutivo, a cesta básica na capital amazonense se manteve como a terceira mais cara do país. Comparado ao mês de agosto, o custo mensal da Ração Essencial teve alta de 1,11%, com R$228,76 contra R$226,26.
Segundo pesquisa divulgada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os dados manauenses seguem a tendência nacional. Das 17 cidades pesquisadas, 14 sofreram alta em relação a agosto. Além disso, assim como todas as capitais da região Norte e Nordeste que compõem a pesquisa, o preço em setembro ainda é menor que o apresentado em julho deste ano.
Manteiga e feijão
Nas capitais pesquisadas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, houve um percentual maior em ambos os meses (agosto e julho). E como os dez primeiros colocados se encontram nestas regiões, o fato de Manaus ainda compor o terceiro lugar da lista causa inquietação.
Dentre os produtos que tiveram aumento mensal, a manteiga teve a maior alta, com 4,41%. Porém, quanto à variação anual, o feijão se destacou, com 48,08%.
De acordo com a supervisora técnica do Dieese em Manaus, Alessandra Cadamuro, a manutenção da capital no topo do ranking alimentício se deve ao aumento da cesta básica manauense logo nos primeiros meses do ano, influenciado pelo preço da banana. “Com os problemas que afetaram a produção da fruta em Roraima, houve uma elevação no custo deste produto”, detalhou.
No final de 2009, uma praga conhecida como ácaro vermelho causou problemas aos agricultores roraimenses, responsáveis por cerca de 80% do total de cachos consumidos na capital do Amazonas. Com isso, houve uma escassez da banana na cidade e, consequentemente, um aumento no preço da fruta tropical.
“A partir do momento em que há um crescimento em decorrência de um problema regional, isto influencia na posição do levantamento. Como somente Manaus teve alta, ela subiu de nível enquanto as outras capitais tinham apresentado redução”, analisou a supervisora técnica do Dieese em Manaus.
Hoje, Manaus já tem tido leves alterações, mas, segundo Alessandra Cadamuro, isso não é capaz de mudá-la de patamar ainda.
Diferença de preço vem do transporte, diz economista
O economista Alex Del Giglio, especialista em finanças e métodos quantitativos, comenta que a situação não é tão preocupante quanto parece ser. “Se você verificar, em relação ao ano passado houve uma evolução de 4,28%, enquanto Belém, a segunda cidade mais cara das regiões Norte e Nordeste, teve uma variação de 4,52%”, destacou.
Del Giglio aponta que a diferença entre o terceiro e o décimo lugar no ranking nacional de preços da cesta básica do Dieese não chega nem a 10% e que, um dos motivos para Manaus apresentar valores maiores que as cidades nortistas e nordestinas é a questão da logística. “Nestas outras capitais há uma facilidade na hora de comprar estes produtos, mesmo porque, grande parte dos itens compostos na lista é produzido por lá. Mas aqui em Manaus, a maioria dos itens não são cultivados aqui, então há um custo maior em virtude do transporte”, explicou.
Ele também comenta que, como a capital amazonense possui um PIB per capita superior aos apresentados na região do Nordeste, há uma pressão de demanda maior na região.
Na hora de pagar
Com o salário mínimo de R$ 510,00, um trabalhador em Manaus deve trabalhar pelo menos 98 horas e 41 minutos para comprar os itens básicos para alimentação. Em relação a igual período do ano anterior, o tempo de horas necessárias diminuiu, mas, em contrapartida, houve um incremento de 4,28% nos gastos alimentícios.
Todavia, apesar da cesta básica ter um custo menor em 2009, ela comprometia 47,18% do salário mínimo (R$ 465,00). Em 2008, com o valor de R$ 209,23, era responsável por 50,42% do rendimento líquido, devido o valor do mínimo ser R$ 415,00 na época. Atualmente, o compromisso é de 44,86%.
Preços ao consumidor sobem em cinco das sete capitais pesquisadas pela FGV
As taxas de inflação medidas pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) subiram em cinco das sete capitais pesquisadas pela FGV (Fundação Getulio Vargas) no fechamento de setembro em relação àquelas verificadas na terceira prévia do mês.
De acordo com o levantamento divulgado ontem pela entidade, os preços aumentaram com mais intensidade em São Paulo (de 0,73% para 0,83%), capital com maior peso na formação do índice; Salvador (de 0,10% para 0,21%); Brasília (de 0,16% para 0,27%) e Rio de Janeiro (de 0,29% para 0,33%). Também houve acréscimo na taxa em Recife (de –0,36% para –0,14%), onde os preços caíram com menos força entre os dois levantamentos.
As outras capitais apresentaram diminuição no IPC-S. Em Belo Horizonte, a taxa passou de 0,31% para 0,23%; e em Porto Alegre os preços caíram com mais vigor e o índice passou de –0,08% para –0,13%.
A inflação medida pelo IPC-S fechou o mês com variação de 0,46%, ante 0,40% da pesquisa anterior e 0,17% da primeira prévia do mês. Com o resultado, que foi puxado pela alta nos alimentos (de 0,63% para 0,84%), a taxa acumulada no ano passou para 3,82% e, nos últimos 12 meses, para 4,36%
Veículo: Jornal do Commercio - AM