Após crise, consumidor está mais seletivo e indústria volta a lançar

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Feira em Paris, encerrada ontem, mostrou lançamentos como biscoitos de legumes e "pérolas" de trufas que imitam caviarApós dois anos difíceis, a indústria de alimentos retoma o apetite pela inovação, como atestou o Sial (Salão Internacional da Alimentação), encerrado ontem em Paris com sinais de otimismo. Após ter focado nos artigos clássicos e com preços mais baixos nos mercados da Europa e dos Estados Unidos durante a crise, os fabricantes aceleram o lançamento de novidades.

 

A área na feira batizada de Tendências e Inovação mostrou lançamentos como biscoitos de legumes (nos sabores de cenoura e beterraba); cristais de óleos essenciais orgânicos para cozinhar, aromatizados com manjericão, cardamomo e hortelã; e "pérolas" de trufas que imitam caviar. "O número de produtos apresentados pelos industriais no Sial registrou um aumento espetacular de 25% em relação ao evento anterior, em 2008", diz Valérie Lobry, diretora-geral da feira que reuniu 5,7 mil expositores de 106 países.

 

Na França o número de lançamentos do setor em 2009 havia caído 15%, segundo a consultoria especializada XTC World Innovation. A queda continuou no primeiro semestre deste ano, com redução de 3%, mas as novidades começaram a reaparecer no segundo semestre. Para Xavier Terlet, presidente da XTC, elas devem retomar, até o início de 2011, o mesmo ritmo de 2008.

 

Inovações permitem à indústria crescer em novos mercados. Se nas economias ricas a retomada do setor ainda é considerada tímida, fabricantes europeus e americanos consideram que nos países emergentes o potencial dos lançamentos é enorme. "A crise acelerou a globalização. Mercados como o da Índia se abrem aos novos produtos", diz a diretora do Sial.

 

Segundo a Associação Nacional das Indústrias de Alimentos, da França, os fornecedores de alimentos do país resistiram melhor à crise do que as demais áreas da indústria. Esse setor representa 74% do total das exportações francesas.

 

Produto novo exige investimento e, em geral, demora mais para sair da prateleira do que a mercadoria já conhecida. Segundo analistas, na crise, os supermercados franceses preferiram privilegiar suas marcas próprias, mais baratas e rentáveis. Esse movimento ajudou a limitar o número de lançamentos dos grupos industriais.

 

O comportamento do consumidor diante da gôndola também mudou. Após apertar o cinto nos últimos dois anos, tornou-se mais seletivo e passou a exigir a relação "custo/benefício" quando avalia um produto extra no carrinho do supermercado - uma das tendências do setor agroalimentar mundial apontadas no Sial deste ano.

 

"O produto muito clássico, intermediário da linha, não faz mais sucesso. O consumidor se tornou mais crítico e divide seu orçamento em função do benefício esperado. Ele pode escolher produtos em promoção e artigos sofisticados. Tudo depende da circunstância", informa a XTC. Segundo a consultoria, as grandes tendências no setor de alimentos, tomando por base a percepção do consumidor, se dividem em cinco eixos: produtos que evocam prazer, ligados à saúde, à aparência física ou mental, à praticidade e a questões éticas, como o respeito ao ambiente.

 

A indústria nos países ricos não hesita em privilegiar certos segmentos, como comunidades religiosas e adeptos de modas culinárias. A "hipersegmentação" é tendência em mercados maduros, como o da França.

 


Veículo: Valor Econômico


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