Indicador que projeta vendas externas em seis meses atinge menor nível do ano
A intensificação do movimento de apreciação do real fez com que as projeções da indústria paulista para as exportações nos próximos seis meses atingissem o menor nível do ano, aponta a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Além disso, os dados, obtidos com exclusividade pela Folha, mostram que os empresários acreditam que o ritmo de crescimento da demanda doméstica por seus produtos deve arrefecer, com a substituição de parte do consumo por importados, favorecidos pelo dólar barato.
A Sondagem Industrial do Estado, feita com base nos dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria), mostra que a perspectiva para as exportações em seis meses atingiu 48,3 pontos.
O número varia de zero a cem, sendo que 50 representaria a manutenção do cenário atual. Valores abaixo disso apontam para queda nas vendas externas.
Foi a segunda vez desde que a pesquisa começou a ser realizada, em janeiro deste ano, que a projeção para as exportações ficou abaixo dos 50 pontos. A última vez havia sido em abril (49,9).
"A indústria brasileira tem tido uma dificuldade fantástica de competitividade por causa da taxa de câmbio. As empresas têm dificuldade para manter ou crescer as exportações", afirma Paulo Francini, diretor da Fiesp.
Além disso, segundo ele, há menor ritmo de crescimento da demanda no mercado interno em razão do aumento das importações.
CONSUMO DOMÉSTICO
O indicador que prevê a tendência do consumo doméstico para os próximos seis meses também apresentou redução, embora ainda esteja acima dos 50 pontos.
Na pesquisa feita em setembro, com 262 empresas, o número foi de 59,2 pontos. O patamar é o mais baixo desde janeiro e representa a primeira vez que o número rompe a barreira dos 60 pontos.
No dia 13 deste mês, o dólar chegou a R$ 1,656 -valor mais baixo em dois anos.
O governo já anunciou diversas medidas para tentar conter a alta do real. Para Francini, as ações estão na direção certa.
"Não há medidas milagrosas", afirmou, citando que a diferença entre a taxa de juros no Brasil e no exterior atrai o investidor. "O mais eficiente seria baixar os juros. Se não dá, tem que taxar o ingresso de recursos mesmo", disse, em referência ao aumento do IOF para 6%.
Veículo: Folha de S.Paulo