Parceiros no grupo, que em 1998 compravam 17% de tudo o que o Brasil exportava, adquiriram 11% em 2010
Principal explicação é o avanço da relação dos membros com a Ásia; produto brasileiro é substituído por chinês
"A realidade mudou, e nós com ela." A frase de Dilma Rousseff, dita ao lançar a candidatura à Presidência, vale para o comércio no Mercosul. Ao longo da década, embora as trocas intrabloco tenha crescido em dólares, acompanhando o dinamismo recente dos sócios, elas perderam participação.
Os parceiros no grupo, que em 1998 compravam 17,36% de tudo o que o Brasil vendia ao exterior, em 2000 adquiriram 14,04% e, no ano passado, 11,19%, segundo o Ministério de Desenvolvimento.
Os números consideram os quatro membros mais antigos. A adesão da Venezuela depende da chancela do Parlamento paraguaio.
As importações brasileiras vindas do grupo também perderam peso. O Mercosul detinha 16,32% das compras do país em 1998, 13,98% em 2000 e 9% no ano passado.
Importações de Argentina, Uruguai e Paraguai dos outros membros da união aduaneira também ficaram menos relevantes no período.
Já as exportações de Uruguai e Argentina para o bloco cresceram, ao passo que as do Paraguai despencaram de 63,44% do total em 2000 para 49,09% no ano passado, até o terceiro trimestre.
O avanço da relação do Mercosul com a Ásia é uma das principais explicações para a perda de participação do comércio intrabloco.
Em estudo publicado no mês passado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, Fernando Ribeiro, da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), destaca que as importações vindas do bloco não voltarão a ter papel tão importante para os membros quanto tiveram no passado.
Ele diz que, na Argentina, houve substituição de produtos do Mercosul por itens chineses. No Paraguai, há igual processo. Nos dois casos, equipamentos brasileiros então entre os mais afetados.
Veículo: Folha de S.Paulo