Pesquisa também apontou que 8,4% das famílias não conseguirão pagar as suas dívidas neste mês
O endividamento continua alto, mas, apesar disso, as famílias brasileiras aumentaram ligeiramente sua intenção de consumir, segundo dois levantamentos divulgados ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O nível de endividamento das famílias foi de 64,1% em junho, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC-Nacional). O resultado ficou ligeiramente abaixo dos 64,2% registrados em maio. No entanto, houve forte alta na comparação com o mesmo período de 2010, quando o endividamento estava em 54%.
Já o porcentual de famílias com contas ou dívidas em atraso foi de 23,3% em junho, número menor que o de maio, quando atingiu 24,4%. O nível de inadimplência também ficou abaixo do registrado em junho de 2010, de 23,5%. A desaceleração da inflação contribuiu para a queda na inadimplência. "O arrefecimento nos preços deu um fôlego para as famílias pagarem suas contas em dia", disse Marianne Hanson, economista responsável pela PEIC.
O porcentual de famílias que não terá condição de pagar seus débitos ficou em 8,4% em junho, apontando uma ligeira queda em relação ao resultado de maio, de 8,6%, mas acima do registrado no mesmo período do ano passado, de 7,8%.
Segundo Marianne, embora o mercado de trabalho forte impeça um aumento maior na inadimplência, a trégua deve ser temporária. "Vários fatores indicam que a inadimplência deve continuar subindo moderadamente. O nível de endividamento está alto. Além disso, houve aumento do custo do crédito e redução do prazo do financiamento, o que encarece novos empréstimos e dificulta a renegociação das dívidas", explicou.
Já a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também medida pela CNC, registrou leve alta em junho, de 0,7% frente a maio, atingindo os 130,8 pontos. Após cinco quedas consecutivas, foi o primeiro resultado positivo em 2011. "A alta é pontual", avaliou Bruno Fernandes, economista responsável pela pesquisa.
O economista afirma que o mercado de trabalho forte e a renda num patamar significativo continuam sustentando a intenção de consumo das famílias. Segundo ele, a desaceleração de preços desde maio, principalmente de alimentos, compromete menos a renda das famílias e contribui para uma expectativa favorável. "Mas os resultados não indicam que o consumo vai voltar a aquecer. Pelo contrário, o consumo tende a desacelerar em relação ao ano passado, graças ao aumento nos custos do crédito", contou Fernandes.
Veículo: O Estado de S.Paulo