A despeito do aumento nos preços, as vendas de alimentos subiram 18,3% no primeiro semestre puxadas por um mercado interno aquecido. O faturamento do setor no primeiro semestre alcançou R$ 116,1 bilhões segundo informou a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia).
O País manteve alta significativa em suas exportações, de 25% sobre o primeiro semestre do ano passado. A receita com vendas externas foi de US$ 12,2 bilhões. Convertido para reais (considerando o câmbio médio do período a R$ 2,17), no entanto, o valor equivale a R$ 26,7 bilhões, e a alta verificada é reduzida para 6,3%. O faturamento em dólar também destoa do volume total embarcado entre janeiro e junho, que, com 19,6 milhões de toneladas, foi 3,6% menor que em 2007, devido as altas internacionais, principalmente das commodities. "Esperamos que as exportações cheguem a US$ 30 bilhões em 2008", disse o presidente da Abia, Edmundo Klotz.
Já as importações subiram 48,1% no mesmo período, para US$ 1,6 bilhão. Em reais, foram R$ 2,37 bilhões, alta de 22,4%. O principal fator apontado pelo departamento de economia da Abia para a expansão das importações, aliado à oportunidade do dólar baixo, foi também o aquecimento do mercado interno. Com o poder de compra aumentando, a demanda do País está sendo complementada com produtos trazidos de fora, enquanto o volume físico produzido internamente aumentou 4,7% no semestre. Conservas vegetais, bebidas, peixes e carnes estão no rol dos itens comprados fora.
Mesmo com as importações crescendo duas vezes mais rápido que as exportações, isso está longe de afetar a balança comercial desta indústria. "O Brasil é um exportador líquido de alimentos. O saldo do setor em 2007 foi de US$ 24 bilhões, enquanto o saldo da balança do País como um todo foi US$ 40 bilhões", disse Klotz.
A pauta de exportação foi liderada, em volume, pela área de resíduos e farelos, que inclui derivados da soja e vendeu 6,3 milhões de toneladas, ou US$ 1,4 bilhão, faturamento 40% mais alto em um período em que o preço da comoddity subiu 50%.
Investimento
No primeiro semestre, a indústria brasileira da alimentação investiu R$ 6,8 bilhões no Brasil, entre capital nacional e estrangeiro, metade para aquisição de equipamentos e ampliação de fábricas. "Estamos trabalhando com 72% da capacidade, uma boa margem, e as empresas estão investindo. Não há risco de desabastecimento. A única vez que esse patamar passou dos 80% e faltou oferta foi na época do congelamento de preços e de planos heterodoxos ", disse Klotz, referindo-se aos planos econômicos do governo Sarney.
Veículo: Gazeta Mercantil