O ritmo de fusões e aquisições fechadas no mercado brasileiro continua forte e os gastos das famílias são o motor por trás da maior parte dos negócios. No terceiro trimestre, segundo a KPMG, foram fechadas 227 operações, elevando o acumulado no ano para 606 transações. Desse total, 414, ou 68%, estão ligadas ao consumidor final.
"O terceiro trimestre foi o segundo melhor da série histórica, iniciada em 1994", diz Luis Motta, sócio da área fusões e aquisições da KPMG. O período é superado apenas pelo terceiro trimestre de 2007, quando foram registrados 235 negócios. "Acredito que o quarto trimestre será fortíssimo. O único entrave seria o agravamento da crise no exterior", diz Motta.
O consumidor final - seja comprando roupa e sapato em shopping centers, comida em supermercados, usando planos de saúde ou pagando a faculdade - aparece como um fator importante para a realização de fusões e aquisições no país. Tanto o capital nacional quanto o estrangeiro continuam apostando na força do mercado brasileiro.
Empresas brasileiras fazendo negócios entre si aparecem no levantamento da KPMG como as campeãs - no trimestre e no acumulado dos primeiros nove meses do ano. Das 227 operações fechadas entre julho e setembro, 118 são entre brasileiros. Nesse mesmo período o capital estrangeiro participou de 88 negócios.
A internacionalização das empresas brasileiras - ou seja, quando o capital nacional compra empresas estrangeiras estabelecidas fora do Brasil - perdeu ritmo no terceiro trimestre, quando foram fechadas 15 operações. No trimestre anterior, foram 23 negócios. No ano, até setembro, foram fechadas 47 transações desse tipo.
A preferência do capital nacional pelo mercado doméstico é clara. Foram 124 negócios fechados em território brasileiro no terceiro trimestre e 324 no ano, até setembro.
"A presença do capital estrangeiro vem crescendo desde o segundo trimestre de 2010", observa Motta. Se forem consideradas aquisições, pelo capital estrangeiro, de empresas brasileiras e estrangeiras operando no país, foram apurados 86 negócios no trimestre e 239 no ano, até setembro. Até agora, a crise na Europa e nos Estados Unidos tem atraído o capital estrangeiro ao mercado brasileiro, onde o Produto Interno Bruto (PIB) cresce a taxas mais altas do que nas maiores economias do mundo.
Se a crise lá fora agravar-se e o ambiente de otimismo no Brasil for contaminado por um sentimento de insegurança, 2012 deve começar em ritmo mais lento para o mercado de fusões e aquisições. Para este ano, porém, Motta prevê número recorde de negócios, além dos 726 fechados em 2010.
Veículo: Valor Econômico