Produto agrícola já recua bastante no atacado

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Os produtos agropecuários, que vinham acelerando desde julho no atacado, começaram a reduzir seu ritmo de alta de forma encadeada nos Índices Gerais de Preços (IGPs) em outubro e marcaram elevação de apenas 0,07% na segunda prévia do IGP-M deste mês, após terem subido 1,3% em setembro. O recuo expressivo, segundo economistas, está capturando a queda das commodities no mercado internacional e pode, inclusive, trazer o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) agrícola para deflação no fim de outubro.

O IGP-M subiu 0,50% na segunda prévia do mês atual, pequena desaceleração em relação a setembro, quando a taxa foi de 0,52%. No atacado, a elevação dos preços industriais anulou o efeito positivo do recuo dos agropecuários. O IPA industrial avançou de 0,33% para 0,87%, aumentando o ritmo de alta nos preços ao produtor de 0,59% para 0,66%.

Os analistas consultados afirmam que a ascensão dos preços industriais, por ter vindo na esteira da depreciação do real, não se sustenta, ao contrário do alívio nos produtos agrícolas, que ainda tem fôlego para continuar em outubro. "Acreditamos que esse recuo vai se intensificar, podendo até o IPA agrícola entrar em deflação", projeta o economista Thiago Carlos, da Link Investimentos. Ele espera queda ao redor de 0,1% dentro do IGP-M de outubro, que tem chances de ser acentuada no IGP-DI para algo em torno de 0,3% a 0,4%.

A cesta de commodities agrícolas calculada pela Rosenberg & Associados mostra queda de 5,2% em reais na média móvel de 20 dias - comparação dos últimos 20 dias com os 20 dias anteriores -, afirma Daniel Lima, analista da consultoria. Ele pondera que na última semana esse movimento teve uma leve reversão, mas que o saldo ainda é negativo na comparação da média dos preços em outubro contra setembro. "Com esse resultado, há uma chance de o IPA agrícola cair para patamar negativo em outubro", diz.

O economista-chefe da corretora Prosper, Eduardo Velho, condiciona a deflação dos produtos agropecuários à continuidade da queda das matérias-primas no cenário externo. "Em setembro houve esse movimento e o mercado começou a importar com preços melhores, mas a continuidade disso dependerá do recuo das commodities."

Mesmo tendo aumentado as chances de queda no IPA agrícola, o indicador geral do atacado, de acordo com os economistas ouvidos, seguirá positivo. Os produtos industriais podem ter atingido seu pico, mas não chegarão a desacelerar em outubro, o que deve segurar o IPA geral, afirmam eles.

Os preços ao consumidor já captaram a desaceleração recente no atacado. O IPCA-15 de outubro mostrou arrefecimento no grupo alimentação, de 0,72% para 0,52%. O IPC que compõe a segunda prévia do IGP-M mostra deflação de 0,18% nos alimentos, após avanço de 0,85% em setembro.

É consenso entre os economistas que o IPCA de outubro terá taxa de alimentos menor do que a apurada no mês anterior, mas ainda há dúvida sobre a continuidade dessa trajetória até novembro devido à sazonalidade de alta do fim de ano, com as chuvas e entressafras.


Veículo: Valor Econômico


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