Alimentos mais baratos no atacado e no varejo ajudaram a conter o avanço da inflação no IGP-10, que teria subido mais não fossem quedas e desacelerações de preços em gêneros alimentícios de peso no cálculo do indicador. Segundo o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz, no caso da inflação do varejo, o IPC-10 teria subido 0,58% e não 0,37% em outubro caso fosse excluído o efeito dos alimentos in natura na inflação varejista.
No caso do atacado, houve deflação nos preços dos alimentos in natura (de 1,56% para -2,16%) e em alimentos processados (de 2,53% para -0,11%) de setembro para outubro. Isso graças a uma melhor oferta de itens in natura. "Estamos entrando em um ciclo de oferta mais forte. Por isso, os preços baixam", resumiu. Além disso, a carne bovina está em queda no atacado (-0,83%) o que ajudou a puxar para baixo outras carnes no atacado, como aves (-1,04%).
Estas quedas e desacelerações já chegaram ao varejo, embora de forma tênue. Braz lembrou que a inflação dos alimentos percebida pelo consumidor no IGP-10 praticamente despencou (de 1,23% para 0,09%). "Ao longo do mês de outubro, há espaço para novas desacelerações", disse o economista. Segundo ele, nem todos os repasses de quedas e de desacelerações dos alimentos no atacado foram repassados para o consumidor, e isso deve ser feito ao longo deste mês.
Novas quedas - No próximo mês, há espaço para taxas menores dos Índices Gerais de Preços (IGPs) do que as apuradas em outubro, caso o câmbio mostre "bom comportamento", avalia Braz. Ele disse que, se o câmbio não disparar, o efeito do dólar em alta na inflação, já detectado em vários IGPs no final de setembro e no início de outubro, deve ficar mais tênue. Isso vai ajudar a conter o avanço da inflação atacadista em novembro, na avaliação do economista. "Não podemos nos esquecer de que o atacado representa 60% dos IGPs", lembrou.
No caso dos juros, o economista da FGV aposta em um novo corte de 0,50 ponto percentual esta semana na reunião do Copom. Ele lembrou que o mais recente corte na Selic foi justificado pelo Banco Central pela possibilidade de piora no cenário externo, visto que as conseqüências da atual crise europeia eram menos claras do que agora.
"Acredito que o Banco Central vai continuar a recuar os juros", afirmou. "Desde o último corte da Selic, houve realmente uma deterioração da situação internacional, então ficou mais fácil para o BC continuar a promover corte de juros", acrescentou.
Veículo: Diário do Comércio - MG