A Fundação Getulio Vargas (FGV) passará a apurar mensalmente novos indicadores sobre o comércio, com objetivo de dar ao Banco Central subsídios que permitam antecipar tendências sobre o nível de atividade do setor.
Em sua primeira edição, a Sondagem Conjuntural do Comércio, cujos resultados foram anunciados ontem, mostrou que a confiança dos empresários varejistas ainda é menor do que era no ano passado, apesar de ter melhorado de agosto para setembro. Já os empresários do atacado ficaram mais otimistas.
Para medir esse comportamento, a FGV criou o Índice de Confiança do Comércio. O Icom será apurado tanto para o mês de referência quanto para o trimestre nele encerrado, caso em que apontará uma média móvel trimestral. De alcance nacional, a pesquisa abrange 17 segmentos do comércio, dos quais 13 de varejo e 4 de atacado.
Na comparação com igual período de 2010, o Icom do trimestre julho-setembro para o conjunto do comércio representou queda de 1,6%. O índice do atacado subiu 1,7%, mas o do varejo caiu 3,2%, puxando para baixo a média geral.
A queda do otimismo entre os varejistas foi liderada pelo segmento de automóveis, cujo Icom recuou 10,2%. Também caiu a confiança do comércio de peças para os veículos (9,3%). Por outro lado, o comércio de motocicletas e respectivas peças, cujas vendas vêm crescendo, mostrou-se 19,2% mais confiante.
Entre os atacadistas, a alta do Icom foi puxada pelo comércio de produtos intermediários não agropecuários, cujo índice subiu 13,5%. Mas nem todo o atacado ficou mais confiante. Entre as empresas atacadistas de artigos de uso pessoal e doméstico, o novo indicador recuou 3,2%, ainda na comparação dos trimestres julho-agosto de 2010 e 2011.
Por outro lado, comparando o período encerrado em setembro com o imediatamente anterior (trimestre encerrado em agosto), a FGV detectou aumento da média em 0,81%. Olhando só para o índice de cada mês, e não para a média trimestral, também houve avanço, de 1,81%.
O coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo, avalia que esses números permitem dizer que o setor sustentava um bom ritmo de atividade no fim do terceiro trimestre de 2011, mas ainda são considerados insuficientes para concluir que o comércio entra em nova fase de aceleração.
O aumento de confiança mostrado pela evolução mensal da média móvel trimestral, de agosto para setembro, não foi generalizado. Dos 17 segmentos pesquisados, houve melhora em apenas 9 - 4 do atacado e 5 do varejo. Nos 8 restantes, todos do varejo, a evolução da média no mês foi negativa.
O Icom é composto por outros dois indicadores. Um deles mede a percepção das empresas sobre a demanda no momento presente. No trimestre encerrado em setembro, o Índice de Situação Atual (ISA-COM) registrou nível médio 4% inferior ao de igual período de 2010. A FGV constatou que 20,3% das empresas avaliaram que a demanda foi forte no período julho-setembro deste ano. Outras 18,9% avaliaram que a demanda foi fraca. Em igual período de 2010, a parcela das que achavam a demanda forte era menor (18,5%). Mas o percentual das que acham a demanda fraca, que era de 12,9%, subiu mais.
Também compõe o Icom o Índice de Expectativas, que fechou o terceiro trimestre de 2011 estável em relação a igual período do ano passado. O IE-COM é composto por dois quesitos. Um deles é o otimismo do empresariado com a tendência dos negócios seis meses a frente. O outro é a previsão de vendas para os três meses seguintes.
O primeiro desses dois indicadores caiu 4,7% na comparação dos mesmos períodos. Já o segundo subiu 5%. Esses números indicam que, embora tenha expectativas favoráveis para as vendas neste fim de ano, o comércio está mais cauteloso ao projetar a tendência dos negócios os meses seguintes.
A proporção das empresas que prevê aumento de vendas alcançou 68,9%, ante 59,4% no trimestre julho-setembro de 2010. A parcela das empresas que esperam queda de vendas subiu, de 2,9% para 4,2%.
Veículo: Valor Econômico