A quantidade imensa de produtos espalhados pelas gôndolas do supermercado, o cheiro do pãozinho que acabou de sair do forno e o lançamento de um novo cosmético são tentadores. A saída, para não comprar mais do que o orçamento permite, é planejar. "É ideal gastar, no máximo, 18% do salário com supermercado", diz o educador financeiro, de São Paulo, Mauro Calil. Portanto, uma família que tenha renda de R$ 3.000, deve gastar no máximo R$ 540 no mercado.
Segundo pesquisa divulgada na semana passada pela Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André, o preço da cesta básica subiu 1,1% em sete dias. Diante da alta, o segredo é saber como economizar.
A promotora de vendas Raquel Fontanezi, 56 anos, mora em São Paulo. Mas todos os meses auxiliam a mãe, a aposentada Wilma Pereira, 78 anos, que mora em Santo André, nas compras. Antes de sair de casa, as duas escrevem tudo no papel. "Fazemos uma lista com os tipos de produtos que vamos comprar", comenta Raquel. De acordo com especialista em finanças pessoais, mãe e filhas estão certas. O primeiro passo para fazer uma boa compra, além de não ir ao supermercado com fome, é listar os produtos que estão faltando na despensa. "Caso contrário, o consumidor coloca muitos itens desnecessários no carrinho", comenta a coordenadora institucional da Associação Proteste, Maria Inês Dolci.
A pesquisa de preços também é importante. Para saber onde encontrar o produto mais barato, o indicado é analisar os folhetos que as redes de supermercados oferecem aos clientes e consultar a web. Alguns supermercados publicam os valores dos produtos em seus sites.
DESCONTOS - Aproveitar as promoções é também um bom caminho para poupar. Caso o consumidor encontre um produto, que normalmente custa R$ 18, por R$ 14, a economia será de 22%. Portanto ele deve aproveitar. No caso dos alimentos perecíveis, como verduras e legumes, que têm vida útil curta, o indicado é comprar de acordo com o consumo. "Já o sabão em pó pode ser estocado em casa", comenta Calil. Além disso, se um produto custa R$ 3 e outro similar está R$ 0,30 mais barato, a economia já é considerada elevada pelos especialistas, o que significa poupar 10% em um produto.
Outro alerta é que alguns produtos, como de limpeza e higiene, são fabricados pela mesma empresa, mas, em muitos casos, têm custos distintos. "A diferença pode ser de 40% entre um item da marca líder e outro similar", calcula Calil.
Optar por produtos alternativos com um valor menor também vale a pena. "Até porque, se o consumidor tiver dúvida, quanto à procedência do fabricante, ele pode procurar os órgãos de defesa do consumidor para identificar possíveis reclamações", lembra Maria Inês, do Proteste.
Raquel, que gasta 400 reais por mês, sempre segue essa orientação. "Tem produto que compro sempre, mas se achar que está muito caro, substituo."
Compras pela web podem sair até 4% mais caras
Hoje muitas redes permitem comprar pela web. A representante de vendas de Ribeirão Pires, Gorete Borges, 51 anos, já fez o teste uma vez. Comprou todos os produtos que precisava inclusive verduras e legumes. "Gostei da experiência. Além de ter ganhado brindes, economizei, já que, quando vou até a loja física gasto muito por impulso", explica.
Mas nem sempre consumir pela internet é mais barato. De acordo com pesquisa do Proteste, as compras virtuais são até 4% mais caras, até por conta do frete cobrado pelos estabelecimentos para entregar os alimentos, por outro lado, quando o volume de compra é maior, o gasto pode ser menor do que na loja física, já que a taxa de entrega é diluída entre os produtos.
Parcelar despesas pode ser mau negócio
Na hora de pagar a despesa do supermercado, o ideal é não parcelar a conta, isso porque, o consumidor fará, pelo menos, um compra por mês e a dívida aumentará gradativamente a cada vez. "Mas o consumidor pode usar o cartão de crédito para pagar na fatura do próximo mês, principalmente se tiver vantagens ao usar o plástico, como acumular pontos que podem ser trocados por viagens áreas, por exemplo,", diz Calil.
A dica é fazer compras pequenas por mês, até porque o gasto com alimentação pesa no orçamento. Em média, os consumidores do Grande ABC gastam R$ 578 com alimentação, o que significa 17,2% da renda média familiar, no valor de R$ 3.365.
Para quem já está no vermelho, concentrar as compras em uma única vez por mês poderá prejudicar ainda mais a situação. Caso o consumidor esteja usando o cheque especial para cobrir as novas dívidas e, ainda, tenha estourado o limite do cartão de crédito, a orientação é que se faça as compras de supermercado aos poucos. "O indicado é fazer compras a cada 10 dias", diz Calil, referindo-se ao fato de que, quando se vai ao mercado várias vezes, só se compra o que realmente está precisando. Quando se faz as compras do mês, por outro lado, acaba-se adquirindo itens a mais, que não têm necessidade e que acabam, muitas vezes, sendo desperdiçados.
PLANILHA - Ao deixar o estabelecimento, não deixe de anotar todas as saídas de dinheiro em uma planilha.
Não esqueça dos gastos miúdos, como as guloseimas, que pesam, e muito, no orçamento, isso porque dificilmente o consumidor contabiliza essas despesas, que aparentemente, são pequenas, mas, quando somadas, representam até 50% dos gastos da família.
A representante de vendas Gorete Borges, 51 anos, que mora em Ribeirão Pires, não tem o hábito de fazer a lista de compras. O gasto mensal da família com alimentação chega a R$ 1.500 por mês. O que pesa, segundo ela, são os gastos supérfluos, principalmente iogurte, suco de caixinha e queijo. "Não abro mão de qualidade, mas se estiver muito caro, tento substituir", conta.
Veículo: Diário do Grande ABC - SP