A piora no cenário externo ajudou a derrubar mais um indicador de inflação no mercado doméstico brasileiro. As turbulências no ambiente internacional levaram a quedas e desacelerações nos preços de commodities no exterior. Isso, na prática, gerou taxas de inflação menos intensas ou até mesmo deflação em produtos no atacado, o que permitiu a desaceleração da segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de outubro para novembro, de 0,50% para 0,40%. A conclusão é do coordenador de Análises Econômicas da FGV,Salomão Quadros.
Entre os itens citados pelo especialista que contribuíram para a taxa menor da segunda prévia estão as quedas em soja em grão (-1,45%); café (-0,15%); e trigo (-4,9%). Quadros também lembrou que o impacto do recente reajuste no preço do minério de ferro na inflação começa a ser diluído no IGP-M, tanto que o produto subiu menos de preço, de 5,53% para 2,23%, de outubro para novembro.
"Não podemos nos esquecer também que o efeito do câmbio na inflação começa a desaparecer" disse, ao lembrar que o período do dólar em alta elevou indicadores inflacionários no fim de setembro e em outubro. O IGP-M tem chances de encerrar 2011 abaixo de 6%, nas palavras do coordenador de Análises Econômicas da FGV. Se confirmada a previsão, o resultado será bem diferente do apurado no ano passado, quando o indicador subiu 11,32%, maior taxa desde 2004 (12,41%). Até a segunda prévia de novembro, o indicador acumula aumento de 5,84% em 12 meses.
Salomão Quadros afirmou que o IGP-M fechado deste mês "não deve ficar muito diferente" do desempenho da segunda prévia e que, pelo menos até o momento, não há sinais de que possa ocorrer novo surto inflacionário, em horizontes de curto e médio prazo.
Sobre os próximos meses, o especialista lembrou que commodities com preços em queda puxam para baixo a inflação atacadista. No varejo, Quadros informou que, apesar do fim da deflação nos preços dos alimentos de outubro para novembro (de -0,18% para 0,30%), apurado na segunda prévia do IGPM-M, este desempenho foi puxado por aumentos em itens in natura, cujos preços são influenciados por problemas climáticos. "Quando este efeito dos in natura acabar, e vai acabar logo, poderemos perceber com mais clareza que existem itens de peso no setor de alimentação que estão em desaceleração ou em queda, e que vão ajudar a manter comportada a inflação do varejo".
Isso, na prática, conduz a uma boa perspectiva para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2011. Quadros afirmou que, agora, "ficou menos difícil" fechar o ano dentro do intervalo da meta inflacionária, de até 6,5%. "Isso não é certeza. Mas as condições para que isso aconteça são melhores agora do que há três meses", disse.
Veículo: DCI