Com as facilidades comerciais entre os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul), além da proximidade geográfica - que faz com que o transporte das mercadorias seja mais rápido e mais barato -, importadores brasileiros têm se interessado mais pelos produtos latino-americanos. Com o desenvolvimento de mercadorias com a "cara europeia" por parte de alguns fabricantes no Chile, Argentina e Equador, o consumidor brasileiro passa a ter uma nova alternativa da compra de importados de boa qualidade e a menores custos.
Pelo menos é o que aposta a empresa La Pastina, uma das mais conhecidas importadoras do País. Ela planeja crescer 20% no ano de 2012 ao contar com o lançamento de uma nova linha de produtos, como molhos e conservas vegetais peruanas, além de biscoitos argentinos que enganam sobre sua origem. De acordo com o diretor Celso La Pastina, o perfil da importadora está vinculado à gastronomia italiana, mas os novos produtos latino-americanos têm surpreendido os executivos ao substituir os de origem tipicamente italiana nas prateleiras. "Não temos um número exato sobre o volume de importações de cada país, mas sabemos que o maior crescimento nas nossas importações vem da América Latina, tanto por causa da facilidade quanto ao preço a que conseguimos colocá-lo nas prateleiras", declara o executivo ao DCI.
Ainda segundo La Pastina, a empresa vê grande potencial de vendas junto do crescimento das seções de importados dos supermercados. A importadora tem participação junto das maiores redes, como Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, que participam de cerca de 25% do faturamento da empresa, no qual o executivo prefere não entrar em detalhes. Para fomentar as vendas dentro do setor, a empresa colocou 100 pessoas dentro das redes para trabalhar com o trademarketing. Com a mudança em gestão, a La Pastina registrou crescimento de 40% neste ano de 2011.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Bebidas e Alimentos (Abba), um dos grandes exemplos do fortalecimento dos produtos latino-americanos no mercado brasileiro é o comércio de vinho. Neste ano de 2012, 65% dos vinhos importados vieram do chamado "novo mundo", enquanto apenas 35% do mercado eram de origem europeia.
"Os produtores latino-americanos têm se destacado", afirma Adilson Carvalhal Junior, presidente do conselho deliberativo da Abba. "As facilidades trazidas pelo Mercosul, tanto pela diferença da carga tributária quanto pela logística nos transportes, fazem uma grande diferença no preço que chega às prateleiras".
Para a entidade, estima-se que o setor tenha importado, em média, 10% a mais do que no ano de 2010 e mantenha o mesmo ritmo no próximo ano, embora não existam pesquisas por causa da amplitude do setor. Os alimentos, por exemplo, têm registrado um aumento maior do que as bebidas. É o caso do setor de vinhos, que registrou crescimento de 7%, enquanto o de azeite teve uma alta de 15%.
La Spaziale
Ainda que os produtos latino-americanos tenham entrado com força no mercado brasileiro, a Europa, com países como a Itália, ainda é líder de importações. Exemplo sólido é o do café, que, em descompasso com o setor de vinhos, é um produto dentro do segmento de bebidas que tem registrado grande crescimento nas importações. Não por acaso, já que, segundo dados da Associação Brasileira de Importadores de Café (Abic), o consumo de café no Brasil deve já para o ano de 2012 ultrapassar o registrado nos Estados Unidos, ao chegar a um número de 21 milhões de sacas, e o País irá a liderar o ranking mundial de consumidores da bebida.
Além disso, o consumo per capita brasileiro deve chegar a 4,8 kg por ano e desbancar países como Itália e França para ficar atrás apenas dos nórdicos, que consomem 13 kg de café por habitante ao ano, e da Alemanha, com 5,8 kg. Diante dessas promessas, a italiana La Spaziale, de máquinas de café, que já fazia parte das importadoras líderes de venda no mercado brasileiro cria a La Spaziale Brasil neste ano de 2011, e que chega com força no mercado.
Com faturamento previsto de R$ 1,5 milhão para ser atingido ainda neste final de ano, a empresa, que é comandada pela empresária Monica Leonardi investiu R$ 1 milhão para estabelecer a base de negócios no Brasil, projeta crescimento de 50% já para o próximo ano.
A La Spaziale diz ser a segunda no mercado brasileiro em número de máquinas em operação e planeja chegar à primeira posição até 2014. Monica conta que, ao trazer a filial para o Brasil, os planos que eram de competir apenas no atacado tiveram de ser mudados. "Já temos uma base de clientes, que perderíamos se deixássemos de cobrir o varejo. Por isso repensamos a estratégia, e o varejo representou 30% das vendas neste ano", declara.
Veículo: DCI