Economistas cravam inflação oficial acima da meta em 2011

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O mercado financeiro consolidou a aposta de que a inflação vai estourar a meta em 2011 - dado que será conhecido na próxima sexta-feira. Pesquisa divulgada ontem pelo Banco Central (BC) mostra que a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela terceira semana seguida e passou de 6,54% para 6,55%, acima do teto, de 6,5%. Além do pessimismo com os preços, analistas reforçaram a previsão de que a desaceleração da economia será mais forte que o imaginado.

Em poucos dias, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado do IPCA em dezembro e, por consequência, de todo o ano de 2011. Nos onze meses do ano até novembro, o índice oficial do governo já acumula alta de 5,97%. Para o último mês do ano, o mercado prevê alta de 0,54%. Ou seja, suficiente para estourar o teto do sistema de metas de inflação.

Se confirmado o estouro, será a primeira vez desde 2003 que o Banco Central não consegue entregar a inflação dentro dos limites da meta, cujo centro é 4,5%. Desde o início desse sistema no Brasil em 1999, o objetivo não foi cumprido - sempre para cima - em três anos: 2001, 2002 e 2003.

O esperado descumprimento em 2011 é bem diferente da previsão para a inflação em 2012. Economistas dizem que, com a economia mais lenta, a inflação vai desacelerar. Na pesquisa do BC, a aposta para o IPCA caiu pela quinta semana seguida, para 5,32%.

Para a LCA Consultores, os preços vão aumentar menos porque haverá menor demanda por mercadorias e serviços. Além disso, é preciso lembrar do efeito da recente mudança na composição do índice oficial de inflação - que passou a dar mais peso para itens que devem ter aumento mais comedido nos próximos meses.

Já no caso do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), o mercado voltou a elevar as previsões para a inflação medida pelo indicador em 2012. De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das estimativas para o índice que reajusta a maioria dos contratos de aluguel subiu para 5,07% para 5,08%. Com relação a previsão para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) não teve alteração e seguiu em 4,99%. Há um mês, analistas apostavam em altas de 5,29% para o IGP-M e de 5,24% para o IGP-DI.

A aposta para o IGP-DI em 2011 - que será conhecido na próxima semana - caiu de 5,28% para 5,22% na quarta redução consecutiva. Há quatro semanas, analistas esperavam alta de 5,75%.

A pesquisa também mostrou que a previsão para o IPC-Fipe em 2012 subiu de 5,20% para 5,22%. Há um mês, a expectativa dos analistas era de alta de 5,18% para o índice que mede a inflação ao consumidor na cidade de São Paulo.

Economistas mantiveram ainda a estimativa para o aumento em 2012 do conjunto dos preços administrados - as tarifas públicas - de 4,50% pela sétima semana seguida. Para 2011, a expectativa de alta seguiu em 6,10%, ante 6% de um mês atrás.

PIB

A desaceleração da economia é ponto comum entre economistas. Na pesquisa do BC, a expectativa para a expansão da atividade econômica em 2011 caiu pela sexta semana seguida, de 2,90% para 2,87%. Em igual tendência, a aposta para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 recuou de 3,40% para 3,30%. Ou seja, a economia está mais lenta, mas o mercado trabalha com alguma recuperação nos próximos meses motivada pelo corte da taxa básica de juros (Selic) que começou em agosto e deve continuar.

Em linha com a economia mais fraca, as projeções para o desempenho do setor industrial também pioraram. Para 2011, a expectativa de expansão do segmento caiu de 0,82% para 0,78%. Há um mês, o mercado apostava em avanço industrial de 0,94% no ano passado. Para 2012, os números não foram alterados e analistas mantiveram a previsão de crescimento de 3,43%, ante 3,46% de um mês atrás.

A expectativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o tamanho da economia em 2011 manteve-se em 38,50% do PIB pela quarta semana consecutiva. Mas para 2012 a previsão recuou de 37,50% para 37,35%, ante 38% de um mês atrás.

Pelas contas dos analistas, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve continuar com a estratégia de reduz os juros em doses de 0,50 ponto percentual nas próximas três reuniões: 18 de janeiro, 7 de março e 18 de abril. Com a sequência, a Selic deve cair dos atuais 11% para 9,5% ao ano no segundo trimestre.

O Informativo Semanal de Economia Bancária, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgado também ontem, aponta estimativa de que o PIB brasileiro crescerá na faixa de 3,2% a 3,5%, com crescimento razoavelmente superior em comparação ao ano passado.

A expectativa é a Selic fechar o ano em torno de 9,5% ou até menos, caso a crise externa mostre uma piora importante. A inflação seguirá recuando, mas ainda distante do centro da meta e a taxa de câmbio com ligeira depreciação.


Veículo: DCI


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