As expectativas de inflação para 2009 subiram de 5,06% para 5,2% em uma semana, mostra a pesquisa do Banco Central com cerca de cem analistas econômicos do setor privado. Foi a quarta semana de piora nas projeções inflacionárias, que acumulam alta de 0,4 ponto percentual.
Os analistas se tornaram mais pessimistas sobre a evolução dos índices de preços depois que a crise internacional provocou a desvalorização da taxa de câmbio. O dólar mais caro poderá aumentar preços de produtos importados e deixar empresas nacionais mais livres para promover reajustes de preços.
Agora, os analistas econômicos esperam que a cotação do dólar chegue a R$ 2,05 no fim deste ano, ante R$ 2,00 projetados uma semana antes. Em meados de agosto, a expectativa era que o câmbio terminasse 2008 em R$ 1,60.
As expectativas de inflação registraram deterioração em todos os principais indicadores. A alta de preços esperada para este ano, medida pelo IPCA, subiu de 6,31% para 6,40%, percentual próximo ao teto da meta, definido em 6,5%. Foi a quinta semana seguida de deterioração nas expectativas de 2008. A inflação esperada para os próximos 12 meses foi revista de 5,32% para 5,38%, na quarta semana seguida de alta.
Há sinais de piora das expectativas em prazos mais longos. A mediana (o percentual mais central entre todas as projeções dos analistas) das expectativas para 2010 permanece em 4,5%, coincidindo com a meta, mas a média das expectativas (soma das projeções, dividido pelo número de projeções) subiu de 4,53% para 4,54% em uma semana.
Também diminuiu o consenso entre os analistas econômicos nas projeções inflacionárias. O chamado desvio-padrão subiu de 0,52 para 0,52, num indicador que, quanto mais alto, maior a dispersão entre as projeções.
Apesar da deterioração das expectativas inflacionárias, os analistas consultados esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantenha a taxa Selic em 13,75% em sua última reunião deste ano, marcada para dezembro. Para 2009, a projeção é o corte dos juros básicos, que encerrariam o ano em 13,25%.
A expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem foi mantida em 3%. Mas agora os analistas esperam um avanço de apenas 3,7% na produção industrial, abaixo dos 3,8% previstos uma semana antes.(AR)
Veículo: Valor Econômico