Cenário de incertezas desestimula as empresas

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A expectativa de investimentos da indústria mineira para 2012 é menor do que a do ano passado. O temor de que a crise que castiga a Europa e os Estados Unidos respingue na economia nacional tem levado representantes dos setores alimentício, calçadista e de vestuário a adotarem uma postura de cautela quando o assunto é aporte. Além disso, segundo empresários consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, o desempenho do setor será mais modesto neste ano, ante um cenário de incertezas.

Na Oto Calçados Ltda, detentora da marca feminina Spatifilus, que fechou 2011 com crescimento de 3%, não há previsão de inversões. De acordo com o diretor Comercial, Gilson Oliveira, a expectativa de expansão dos negócios está diretamente atrelada à reação do mercado, principalmente no primeiro trimestre. Atualmente, a fábrica localizada no bairro Caiçara, região Noroeste da capital mineira, opera com 85% da capacidade, produzindo 2 mil pares/dia.

"Certo, até o momento, é que em 2012 estaremos fora do mercado de exportação, devido ao câmbio desfavorável que afeta o setor calçadista, beneficiando as importações de produtos asiáticos. Vamos focar no mercado interno para manter o desempenho registrado no ano passado, quando crescemos de 3% a 7%. Mas não sabemos ainda se a economia vai reagir positivamente para atingirmos essa meta", avaliou Oliveira.

O desaquecimento do mercado interno e a concorrência com produtos asiáticos também afetaram a San Marino, tradicional fabricante mineira de calçados masculinos, que encerrou 2011 com crescimento abaixo do esperado em relação a 2010. Para este ano, as expectativas são otimistas, mas não menos realistas. Prova disso é que a empresa está se preparando para o caso de a crise no exterior se agravar. "Acreditamos que o ano será promissor e que os obstáculos serão superados. Porém, se tivermos maiores problemas, estaremos aptos a enfrentá-los", afirma o diretor Maurício de Almeida Borém.

No setor do vestuário, a crise que bate à porta é provocada pela falta de mão de obra. A Brasil em Gotas, fabricante mineira de moda feminina, que previa crescimento de 27% em 2011 não atingiu a meta e fechou com expansão de 17%. Por isso, a diretora Elaine Chaves de Sousa adiantou que os projetos de interiorização, que previam levar a marca para outras praças, como Uberlândia (Tiângulo Mineiro) e Montes Claros (Norte de Minas), deverão ser revistos.

"Até temos espaço para investir no aumento de até 40% na produção, mas a falta de costureiras no mercado da moda tem afetado o desempenho da indústria da moda", disse Elaine. Diante do cenário atual, a diretora da Brasil em Gotas adianta que não há como se falar em investimentos. A expectativa é manter a produção de 2011. "Não há que se projetar expansão no momento. Parece que há uma nuvem que nos impede de enxergar o mercado. Mas a crise que afeta o vestuário hoje é a falta de mão de obra", assinala.

Alimentos - Com capacidade instalada para produzir até 300 mil litros de sucos por mês, a fábrica da FrutySuk, com sede em Belo Horizonte, até pensa em novos sabores para ampliar a produção atual de 20 mil litros/mês. Mas o diretor da empresa, Luiz Zamboni, preferiu não arriscar previsões de crescimento, nem de investimentos, já que espera desempenho idêntico a 2011. "Vai ser um ano igualmente difícil, sem crescimento. A expectativa é que, com a ampliação do mix e a criação de novas embalagens, consigamos dobrar a produção atual", disse.

Até mesmo na conhecida Seven Boys, indústria alimentícia com planta na Capital, a expectativa é de que o ano seja de retração nos negócios. Ainda assim, a previsão da gerente de Marketing, Lisiane Cohen, é de que o crescimento se mantenha nos mesmos 10% registrados no ano passado. Embora não tenha confirmado valores, para 2012 a Seven Boys planeja manter o mesmo volume de 2011, quando a empresa investiu US$ 2 milhões na ampliação do mix de produtos. "Vamos investir na linha de biscoitos, ampliando o mix atual de 50 produtos. Sabemos que o mercado está mais retraído neste ano, mas seguimos com a proposta de expansão", disse Lisiane.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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