Apesar do crescimento econômico do país verificado na primeira metade deste ano, de dezembro a junho deste ano houve expansão de 4,7% na atividade da chamada "economia subterrânea" - que abrange práticas como informalidade e sonegação de impostos e contribuições. Surpreendentemente, a variável que mais contribuiu para essa expansão no período foi o aumento do nível de atividade, com um peso de 41,7%.
A variação consta da atualização do Índice da Economia Subterrânea, feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) a pedido do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco). A intenção do indicador, lançado em junho e com série histórica a partir de março de 2003, não é dimensionar essas atividades no país, mas monitorar algumas das suas causas para estimular políticas públicas que resolvam a questão. Entre dezembro do ano passado e junho deste ano, o índice passou de 94,9 pontos para 99,4 pontos, alta de 4,7%.
Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador responsável pelo estudo, explica que, ao contrário do que se pensa, o aumento da criação de empregos formais, gerado pela alta do nível de atividade, não diminui a expansão da economia subterrânea. Segundo ele, tanto a economia real e formal como a subterrânea interagem. A elevação de renda em um setor estimula a compra de bens e serviços no outro setor e vice-versa.
Outra variável importante para o crescimento recente do indicador, com participação de 28,9%, foi a diminuição da fração das exportações em relação ao PIB (considerando apenas produtos manufaturados). O comportamento das vendas externas é importante, pois para exportar as empresas precisam necessariamente ter um padrão de formalidade e pagamento de impostos e contribuições.
Outra variável, historicamente apontada como causa de informalidade, a carga tributária teve contribuição de 29,4% na alta do Índice de dezembro a junho deste ano. A corrupção não teve impacto na contagem do índice no período em análise, mas já foi responsável por um salto do indicador, que passou de 110,3 em junho de 2003 para 119,7 pontos em dezembro do mesmo ano.
Veículo: Valor Econômico