Para analistas, inflação de 2013 vai bater a de 2012

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Na primeira pesquisa Focus após corte de juros de 0,75 ponto porcentual, analistas ouvidos pelo Banco Central elevam a previsão para a inflação



A estratégia do Banco Central de acelerar o corte do juro aumentou as previsões para a inflação e gerou pouco impacto sobre o desempenho da economia. Na primeira pesquisa Focus após a decisão da semana passada, analistas estimaram pela primeira vez que a inflação de 2013 será maior que a prevista para 2012. Por outro lado, a expectativa de expansão econômica melhorou um pouco: aumentou apenas 0,05 ponto para o próximo ano.

Economistas usaram o levantamento semanal para demonstrar certa contrariedade com a decisão do BC de reduzir ainda mais o juro para 9,75%. Para o mercado, o esforço do governo em tentar acelerar a economia vai gerar uma consequência que pode ser preocupante: o aumento da inflação.

Na pesquisa, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - taxa que baliza o sistema de metas de inflação - este ano subiu de 5,24% para 5,27%. O mais preocupante, porém, é a quarta alta seguida na expectativa para 2013, que passou de 5,20% para 5,50%. Com isso, o mercado chancela a percepção de que os preços estão em trajetória ascendente no médio e longo prazos.

Meta. Para o HSBC Brasil, o corte do juro na semana passada faz com que a convergência da inflação para o centro da meta - de 4,5% - fique "ainda mais longe" de ser alcançada em 2012 e 2013. "E com riscos que continuam gradualmente a crescer para 2014." O economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, tem um cenário ainda mais preocupante: IPCA pode alcançar 6% no próximo ano. A alta seria gerada pela queda do juro para 8%, compensada parcialmente com medidas macroprudenciais.

Além disso, o mercado avalia que a estratégia do BC terá, pelo menos por enquanto, pouco efeito no esforço de tentar acelerar a economia. A previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 seguiu inalterada em 3,30%.

Para 2013, o juro mais baixo mudou pouco os prognósticos e as apostas de crescimento subiram de 4,15% para 4,20%.

"Levando-se em conta a deterioração das expectativas de inflação, nos parece que essa troca entre um corte mais forte agora para garantir certo crescimento não valeu a pena", diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Juros. A terceira consequência do BC mais agressivo veio nos juros. Para o mercado, a Selic deve fechar o ano em 9%, ante expectativa anterior de 9,5%. A alta da inflação, contudo, deve fazer com que a trajetória mude a partir do começo de 2013, quando o mercado espera retomada do aumento do juro até que a taxa termine o próximo ano em 10% ao ano. Até a semana passada, o mercado previa 10,5%.

 

Veículo: O Estado de SP


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