Seca no Nordeste causa prejuízos de R$ 550 milhões

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A seca que atinge o semiárido nordestino deve dizimar a produção local de milho e feijão, prejudicar seriamente a colheita de outras culturas e inviabilizar as cadeias produtivas do mel e do leite. Um levantamento feito pelo Valor com os governos de sete Estados do Nordeste aponta perdas superiores a 70% nas safras e preocupação com a economia de uma série de microrregiões com o agravamento da estiagem, que promete ser a pior dos últimos 30 anos.

De acordo com o secretário de Agricultura de Pernambuco, Ranílson Ramos, já foi contabilizado um prejuízo de quase R$ 550 milhões na produção agrícola de 53 municípios. Cerca de 370 mil toneladas de milho, feijão e mandioca deixaram de ser colhidos.

"Uma tragédia total". É assim que o secretário de Agricultura do Piauí, Rubens Martins, classifica a situação de 150 municípios do Estado, onde está prevista uma perda média de 80% na produção de milho, feijão e arroz. Ele lembra que a seca só não atingiu as lavouras do Cerrado. Situação semelhante é vista na Bahia, que tem na fronteira agrícola do oeste um regime de chuvas diferenciado e que torna o momento menos dramático.

Também com outro período de chuvas, entre maio e setembro, Sergipe ainda não iniciou o plantio do milho. Segundo o secretário de Agricultura, José Sobral, os produtores aguardam por ela para definir o volume que será semeado. Sergipe é o segundo maior produtor de milho do Nordeste, atrás apenas da Bahia.

Já o Maranhão é o principal produtor de arroz da região, cultura que também está sendo castigada pela estiagem que atinge três quartos do Estado. O secretário de Agricultura, Claudio Azevedo, estima perdas de 80% a 100% na produção do cereal. No caso do milho, o prejuízo já chega a 50%.

O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Emater), José Maria Pimenta, informou que a produção local de milho, arroz e feijão deve cair pelo menos 70%. Na Paraíba, o secretário estadual de Agricultura, Marenilson Batista, calcula perdas de 90% a 100% nas lavouras de milho e feijão. Os plantios de abacaxi na Paraíba, maior produtor nacional, também serão afetados.

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, participou ontem de audiências nos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, e na véspera estiveram em Brasília os governadores do Sergipe e do Rio Grande do Norte. "Há a perspectiva de que no prazo de um ano possa ser destruído tudo o que se levantou em dez anos", afirmou Sobral, de Sergipe.

De acordo com ele, muitos Estados já enfrentam problemas em suas bacias leiteiras, por conta da falta de água e de ração para os animais. Ele também apontou dificuldades na produção de mel, com a ausência de flores para as abelhas.

A expectativa dos governadores da região é de que seja desenvolvida uma política nacional para ajudar a economia do semiárido a enfrentar a forte seca. "É preciso evitar um retrocesso econômico das microrregiões nordestinas e dar condições ao agricultor de continuar produzindo em situações como esta. Caso contrário, ele será excluído do processo produtivo toda vez que a seca for cruel ", completou o secretário.




Veículo: Valor Econômico


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