Busca por crédito pelo consumidor cai 7,4% no primeiro semestre

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Recuo é o maior em 4 anos e ocorreu apesar da redução dos juros e dos estímulos ao consumo, aponta Serasa Experian



Endividado, o consumidor colocou o pé no freio na procura por crédito no primeiro semestre deste ano. O número de pessoas que procurou financiamento com bancos ou financeiras caiu 7,4% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2011, aponta pesquisa da Serasa Experian. Essa foi a maior retração semestral do indicador desde de o início da pesquisa, em 2008.

"A procura por crédito deve melhorar mais no último trimestre do ano", prevê o economista Carlos Henrique de Almeida, responsável pela pesquisa. Ele argumenta que neste trimestre não há data forte para o varejo para impulsionar as vendas do comércio e por tabela, o crédito. No quarto trimestre, no entanto, o pagamento da primeira parcela do 13º salário pode facilitar a renegociação das dívidas em atraso e abrir caminho para que o consumidor assuma novos empréstimos.

De acordo com o levantamento nacional, que considera as consultas por CPF (Cadastro de Pessoa Física) para obter financiamentos que passaram por bancos e financeiras, a demanda por crédito em junho caiu 6,6% em relação ao mesmo mês de 2011 e teve retração de 2,1% na comparação com maio.

Almeida destaca que, exceto em março e maio, nos demais meses do primeiro semestre, houve neste ano queda na procura por financiamentos em relação ao mesmo mês de 2012. "Foram quatro meses negativos e isso puxou para baixo o indicador geral de procura por crédito."

Salário mínimo. Apesar da redução nas taxas de juros e das medidas de estímulo ao consumo, a freada na busca por financiamentos foi generalizada para todas as faixas de renda. A grande novidade é que a demanda por crédito no primeiro semestre só aumentou na faixa de renda mais baixa, daqueles que recebem até R$ 500 mensais. A explicação para isso é o ganho de renda proporcionado pelo salário mínimo que encorajou essa população a buscar financiamentos.

Entre janeiro e junho, o número de pessoas que procurou crédito desse estrato social cresceu 2% em relação a igual período de 2011. Nesse mesmo período, a procura por crédito do consumidor com renda entre R$ 2 mil e R$ 5 mil caiu 8,8% e de quem recebe entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, a retração foi de 8,4%.

Outro dado que ratifica esse movimento do aumento moderado da procura por crédito por parte dos consumidor de menor renda em relação aos estratos de maior renda aparece nos resultados regionais.

Entre janeiro e junho, as regiões que registraram as menores taxas de retração na procura por crédito em relação ao ano anterior foram a Norte (-0,3%) e Nordeste (-4,7%).

Almeida, da Serasa Experian, explica que essas regiões tiveram as menores quedas na procura por crédito no período porque há uma forte concentração da população de menor poder aquisitivo, cuja renda está vinculada ao reajuste do salário mínimo.

A pesquisa mostra, por exemplo, que a maior queda na procura por crédito neste semestre ocorreu no Sul (-9,1%), seguida pela região Sudeste (-8,6%), a mais rica do País.



Veículo: O Estado de S.Paulo





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