A combinação de renda em níveis elevados, queda nos juros e incentivos do governo ao consumo deve impulsionar o resultado das varejistas no terceiro trimestre. E, após alguns meses de ceticismo, bancos e corretoras têm retomado as apostas nos papéis de varejo, de olho na recuperação do setor, que deve se intensificar no fim do ano.
Segundo a analista Sandra Peres, da Coinvalores, o destaque deve ficar por conta das varejistas de alimentos. "Esse setor é menos dependente do crédito e, portanto, sofreu menos com o ajuste do endividamento das famílias", explica a analista. De acordo com ela, as vendas de Natal devem trazer boas surpresas tanto para supermercado quanto para o setor de eletroeletrônicos.
Para as varejistas têxteis, a projeção é um pouco mais conservadora. Em relatório, Lika Takahashi, da Fator Corretora, ressalta que as vendas pelo conceito mesmas lojas - que englobam estabelecimentos abertos há mais de um ano - devem ter um leve crescimento na comparação anual, mas com redução de margens, por conta das promoções que foram feitas para reduzir o nível de estoques acumulados na primeira metade do ano.
Além disso, destacou a analista, as temperaturas foram muito altas durante a coleção outono/inverno, o que pode levar a um novo encalhe de peças.
Os analistas do banco HSBC são mais otimistas e aumentaram recentemente o preço-alvo para as ações das Lojas Marisa, de R$ 31 para R$ 33, sob a expectativa de resultados mais animadores. "A principal característica foi a recuperação das vendas ter ocorrido a um ritmo acima do esperado", pontuou o analista Francisco Chevez em relatório.
A Fator Corretora elevou as projeções para a fabricante de medicamentos e produtos de higiene pessoal Hypermarcas, por causa da expectativa de maior crescimento de receita e das sinergias provenientes dos projetos de unificação das unidades industriais. "Ajustamos o preço-alvo das ações da Hypermarcas para R$ 15,50 em dezembro de 2013, ante R$ 12,80 para dezembro deste ano, e continuamos com recomendação de manutenção", escreveram Iago Whately e Gabriel De Gaetano em boletim enviado aos clientes.
Na opinião da Ágora Corretora, o segmento de shoppings também deve ser beneficiado pela recuperação da economia doméstica e pelo baixo patamar da taxa de juros. A casa de análise revisou a recomendação de "manutenção" para "compra" para as ações da Multiplan e manteve aos investidores a recomendação de aquisição das ações de Aliansce e BR Malls.
A corretora revisou ainda o modelo para Pão de Açúcar, mantendo recomendação de compra e passando o preço alvo de R$ 106 para R$ 111. "Acreditamos que a empresa tem fundamentos sólidos em suas duas divisões, além de estarmos menos preocupados em relação à disputa entre Abilio Diniz e Casino."
Veículo: Valor Econômico