Estímulos do governo refletem no varejo

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A movimentação do comércio paulistano nos primeiros quinze dias de outubro dá mostras de que os estímulos do governo para reaquecer a economia – esperados inicialmente para o final do primeiro semestre – começam a aparecer efetivamente. De acordo com o balanço divulgado ontem pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o Indicador de Movimento do Comércio a Prazo (IMC/SCPC) cresceu 6,4% na capital paulista, na comparação com a mesma quinzena de 2011, impulsionado especialmente pelas aquisições de bens duráveis, como carros e produtos de linha branca.

É a maior variação, desde abril do ano passado, quando o indicador dessa modalidade de compra bateu em 7,4%, comenta Emilio Alfieri, do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV/ACSP), responsável pela elaboração do balanço. O estudo se baseia em amostra de dados dos clientes da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).

Alfieri comenta que o recuo de 2,5% no Indicador de Movimento de Cheques (ICH/ SCPC Cheque), em igual base de comparação, não chega a ser preocupante. O resultado reflete, segundo sua análise, o impacto da valorização do dólar nos preços dos artigos de vestuário, em grande parte importados. A base de comparação (primeira quinzena de outubro de 2011) era forte, justifica o economista, com vendas favorecidas pelo dólar mais baixo. "Além disso, toda vez que aumenta o consumo de bens duráveis há diminuição das compras de não-duráveis", acrescenta Alfieri.

Perspectivas  – "Esperamos uma reação positiva da economia até o fim do ano, já que os primeiros dados do mês confirmam que as vendas de duráveis vão aumentar, impulsionadas pelos incentivos do governo e pela confiança do consumidor no emprego", projeta o presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato. Pesquisa da associação divulgada anteontem já apontava aumento da confiança do consumidor brasileiro e sua crença positiva na manutenção do emprego.

Inadimplência – A outra boa notícia do balanço sobre a movimentação do varejo na primeira quinzena de outubro é que a inadimplência se mantém em queda, conforme tem observado a ACSP desde agosto passado.

Na comparação dos primeiros quinze dias de outubro com igual período de 2011, os novos registros de dívidas com pagamento em atraso recuaram 1,1%, enquanto a recuperação do crédito cresceu 2,9%. O mesmo movimento é observado na comparação da primeira quinzena de outubro ante igual período de setembro. Ainda que nesse caso, conforme ressalva Alfieri, haja influência da sazonalidade, com vendas fracas dos meses anteriores inibindo os novos registros (recuo de 9,3%) e campanhas pró-renegociação, como a promovida pela Boa Vista Serviços, favorecendo a recuperação dos débitos.

O desempenho das vendas do varejo paulistano, na mesma base mensal de comparação, está fortemente influenciado pela sazonalidade, lembra Alfieri.

O crescimento de 27% nas vendas à vista está impulsionado pelo Dia das Crianças. Além disso, há uma base fraca de comparação, pela falta de uma data comercial significativa no mês de setembro.  As vendas a prazo, no mesmo período de comparação, foram impulsionadas especialmente por aquisições de produtos da linha branca, móveis e veículos. "Vale ressaltar que a crise internacional retardou um pouco o efeito dos estímulos do governo (queda dos juros iniciada há um ano e redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados, o IPI), especialmente a queda da Selic", analisa o economista da ACSP.


Veículo: Diário do Comércio - SP


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