IPI gera receios para setor de bens de consumo

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Fim da redução da alíquota, no final deste ano, provoca temor do industrial em relação ao 1º trimestre de 2013.


O fim da redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens de consumo, no final deste ano, provoca temor em relação quanto ao crescimento da indústria no primeiro trimestre de 2013. A avaliação foi feita ontem pelo coordenador de sondagens da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloísio Campelo.

De acordo com ele, o benefício é o principal fator que impulsionou a confiança do empresário de bens duráveis até agora, mas a perspectiva do fim deste incentivo derruba a expectativa para o início de 2013. "O primeiro trimestre do ano que vem para duráveis será mais fraco", afirma o economista, em entrevista à imprensa sobre a Sondagem da Indústria de Transformação do mês de outubro.

Campelo relata que os setores que mostram forte avanço da confiança são aqueles que receberam incentivos do governo federal, principalmente por conta do IPI reduzido para eletrodomésticos da linha branca e automóveis leves. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) do segmento de duráveis subiu 17,4 pontos nos últimos três meses e já se coloca acima da média dos últimos 60 meses.

"A notícia do fim desses benefícios provoca incerteza a respeito do desempenho da indústria no início de 2013", diz, lembrando que tradicionalmente os primeiros meses são mais fracos para a indústria.

A análise de que não está claro como será o desempenho industrial em 2013 é corroborada pelo Índice de Situação Futura dos Negócios, que mede a perspectiva das empresas seis meses adiante. O indicador para a indústria de bens de consumo duráveis recuou de 153,5 pontos em setembro para 140,4 pontos em outubro. Além disso, a sondagem mostra que 43,2% dos empresários desse segmento esperam uma melhora nos negócios daqui a seis meses. Em setembro, a parcela era de 69,4%.

Campelo acredita, entretanto, que a indústria de transformação, no geral, manterá a trajetória de recuperação no ano que vem. "O segmento de bens duráveis pode, de certa forma, ser compensado por outros, como construção ou mesmo bens de capital, que já mostram uma tímida recuperação", afirma. "Na série dessazonalizada, a indústria deve confirmar a trajetória de alta."


Emprego - Campelo afirma que as contratações só devem voltar a crescer na indústria de transformação no segundo trimestre do ano que vem. De acordo com ele, apesar de o índice de expectativa de emprego para os próximos três meses ter avançado em outubro - para 111,8 pontos, ante 109,9 em setembro -, o empresário vai esperar dados mais consistentes sobre aumento de demanda para voltar a contratar. "O cenário ainda não é grande coisa para o emprego industrial", diz Campelo.

O economista também cita uma estabilidade da expectativa do empresário quanto ao aumento da produção nos próximos três meses. O indicador que mede esse item ficou em 130,8 pontos em outubro, ante 130,9 no mês anterior. "Não é, ainda, um patamar associado a forte produção", diz Campelo. Segundo ele, um nível que indica produção robusta da indústria é de cerca de 140 pontos.

O avanço, ainda lento, da indústria de transformação pode ser verificado pelo desempenho do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), menciona Campelo. O Nuci subiu 0,1 ponto percentual em outubro sobre setembro, para 84,2% na série com ajuste sazonal.

"O Nuci não chegou a um nível suficiente para levar para cima o investimento, o que acontece perto dos 85%", diz. "O investimento continua ganhando ritmo porque passou por um período de forte desaceleração, mas essa retomada será lenta."



Veículo: Diário do Comércio - MG


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