Desacelera a venda de bens não duráveis

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O desemprego diminuiu e a renda aumentou, mas a diversificação dos gastos e o maior endividamento dividiram o bolso do consumidor, que foi comedido na compra de bens não duráveis no ano passado.

A última pesquisa Tendências, da Nielsen, mostra que o volume de vendas de bens não duráveis no varejo cresceu apenas 0,4% em doze meses até outubro de 2012 na comparação com os doze meses anteriores. A Cesta Nielsen é composta por 130 categorias de produtos, de setores como bebidas, alimentos e higiene e beleza. O dado representa uma perda de fôlego sobre a alta de 1,8% verificada na comparação entre os doze meses terminados em outubro de 2011 e de 2010.

As vendas do ano de 2012 como um todo devem ficar bem próximas da alta de 0,4%, apesar de o estudo ainda não incluir os meses de novembro e dezembro do ano passado. "Após um grande crescimento no pós-crise, em 2009 e 2010, as cestas vêm desacelerando", diz Arlete Soares Corrêa, gerente de análises especiais da Nielsen. Mas apesar de uma aparente estabilidade, a cesta segue uma trajetória de crescimento ao longo dos últimos anos. O volume de bens comprados pelos consumidores era 15% maior em outubro de 2012 do que três anos antes, conforme a Nielsen. O levantamento inclui as vendas em mercearias, padarias, lojas do pequeno varejo, supermercados, hipermercados, bares e farmácias do país, exceto nas regiões Norte e parte do Centro-Oeste.

Com a maior diversificação nos gastos do consumidor, que destina recursos para educação, serviços, compra da casa própria e do carro, entre outros, a fatia do orçamento destinada ao abastecimento do lar tem diminuído. De 2009 para 2012, passou de 18,3% para 14,2% dos gastos das famílias, de acordo com a Target.

Com a desaceleração no volume de vendas, os fabricantes têm que ganhar na adição de valor. Estudo feito pela Nielsen no primeiro semestre do ano passado mostrou que existia terreno para isso. "O consumidor estava disposto a pagar um pouco mais para acessar determinados produtos e marcas", diz Arlete. Mas, com o maior endividamento do consumidor, essa qualificação continua? "A nossa suspeita é que ocorre uma racionalização, o que não quer dizer que ele vai ficar só com itens da cesta básica". O consumidor abdica de alguns itens da cesta para não precisar abrir mão de outros. "O consumidor mantém, por exemplo, o seu xampu de preferência, mas fica com alguns produtos de limpeza mais básicos", diz Arlete.

O setor de higiene e beleza foi o único que acelerou. Após crescer 2%, registrou um aumento de 2,5% no volume de vendas no período analisado. As bebidas alcóolicas, segmento de maior representatividade no faturamento da cesta, recuaram 0,1% em volume, devido às quedas em cerveja e aguardente, que registraram aumentos de preço deflacionados pelo IPCA de 6,2% e 8,9%, respectivamente.

Os itens que mais cresceram na cesta estão ligados ao que a Nielsen chama de vetores de crescimento: saudabilidade (suco e água, por exemplo), praticidade, indulgência e sofisticação. Os itens em queda são geralmente muito básicos ou tiveram alguma alteração nas áreas de promoção e distribuição.



Veículo: Valor Econômico






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