Varejo pretende investir mais com redução da conta

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Consumidor estará com mais dinheiro para gastar.


Os impactos da Medida Provisória (MP) 579, que prevê a redução das tarifas de energia elétrica a partir de fevereiro, na economia, não se restringem à indústria. A diminuição média de 20,5% também para os consumidores de baixa tensão pode aquecer as vendas do varejo, uma vez que a população passa a ter uma folga maior no orçamento. Além disso, o montante economizado pelos empresários pode se direcionar a melhorias do negócio, como a ampliação do mix de produtos oferecidos aos clientes e a contratação de trabalhadores com maior grau de qualificação.

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Roberto Luciano Fortes Fagundes, considera que a medida vai ao encontro das expectativas do setor. Para ele, gastos menores com energia devem se transformar em novos investimentos. "Conversando com empresários, percebo que alguns pensam em investir em reformas ou na ampliação e treinamento da equipe de funcionários. Enquanto isso, os endividados devem eliminar os débitos pendentes", prevê.

O vice-presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG), Marco Antônio de Oliveira, ressalta que os reflexos no comércio são diretos e indiretos. Ele pondera que, embora o impacto imediato no bolso do consumidor não seja tão elevado, o valor excedente, mesmo que modesto, pode estimular a clientela a recorrer ao comércio, sobretudo de bens de menor valor agregado, como vestuário e alimentos, com uma freqüência maior.

Já os lojistas poderão aproveitar o desconto para investir em equipamentos que demandam mais energia, mas favorecem a sensação de bem-estar e atraem o consumidor, como ventiladores, ar-condicionado e melhor iluminação. Além disso, ele lembra que a redução no preço da energia, que pode ser de até 28% para as indústrias, diminui os custos da produção. Com isso, as mercadorias talvez sejam comercializadas a um preço mais em conta, melhorando a competitividade do setor.

O vice-presidente de Micro e Pequena Empresa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marco Antônio Gaspar, não poupa elogios à medida provisória. "A presidente Dilma está acertando mais uma vez", comemora. Na visão dele, a redução de uma despesa corrente eleva as chances de crescimento das empresas do setor, a maioria delas micro e pequenas, e que, portanto, sofrem com altos encargos e margens de lucro reduzidas. "A MP, sem dúvida, traz um enorme alentos aos comerciantes", enfatiza. Em contrapartida, ele não demonstra confiança quando o assunto é o estímulo ao consumo. "As pessoas compram por desejo ou necessidade e apenas a redução das tarifas de energia não deve alterar esse comportamento", avalia.

O economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Gabriel de Andrade Ivo, também reconhece o aspecto positivo da medida. Porém, ele acredita que o governo deveria concentrar mais esforços em uma reforma tributária mais profunda, principal reivindicação de diferentes setores. "Mesmo assim, trata-se de uma maneira que pode permitir ao empresário investir em outras formas de alavancar as vendas", elogia. Ele compartilha a visão de Gaspar e não acredita que a ação consiga trazer o cliente para dentro da loja. "Trata-se de um valor muito pequeno para estimular", justifica.


Empresários - Enquanto as principais entidades representantes do comércio se dividem em relação aos impactos da MP 579, os empresários demonstram otimismo e já começam a delinear maneiras de impulsionar os negócios após a queda nas despesas. Na loja de calçados Atelier Mix, do Minas Shopping, os gastos com energia respondem por 10% do custo total. "Minha loja é iluminada e eu tenho ar-condicionado, o que ajuda a aumentar ainda mais a conta", ressalta a proprietária, Karla Saliba.

Com a economia, a empresária espera ampliar o mix de produtos e reforçar os estoques. Além disso, ela espera conseguir poupar para, posteriormente, fazer futuras manutenções em suas instalações. "A loja é nova, então meus gastos com manutenção ainda não são muito altos. Mas, no futuro, a despesa deve crescer", argumenta.

O diretor administrativo-financeiro da Loja Elétrica, na região Centro-Sul, Wagner Mattos, também tem boas perspectivas. "O dinheiro economizado deve se destinar a melhorias nas lojas ou eliminação de alguma pendência", revela. Ele prevê que a redução possa alavancar a venda dos materiais elétricos, especialidade do estabelecimento. "Ainda não traçamos nenhuma estimativa, mas com a energia mais barata as pessoas devem se sentir mais motivadas a iluminar melhor suas residências", projeta.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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