A expansão do crédito em 2013 ficará ainda mais dependente dos bancos estatais, que devem terminar o ano respondendo por mais da metade dos empréstimos no País. O fato não acontecia desde 19990 O Banco Central revisou ontem a previsão do aumento do crédito nas instituições públicas este ano de 18% para 22%. É mais que o dobro da expansão de 10% esperada para os bancos privados nacionais, projeção que foi mantida pelo governo.
Nas instituições estrangeiras que atuam no País, o crédito deve crescer 8%, porcentual menor que os 12% previstos anteriormente pelo BC.
Se essas expectativas se con firmarem, o setor financeiro estatal terminará o ano respondendo por 50,6% do crédito no Brasil. Em maio, essa participação já estava em 49,4%. Um ano antes, era de 44,7%, Desde 2008, essas instituições têm aumentado sua participação de mercado, dentro da política do governo para estimular o consumo e o financiamento de empresas com recursos públicos.
O BC revisou a previsão de crescimento do crédito neste ano de 14%, estimativa feita há três meses, para 15%. O número significa pequena desaceleração em relação ao verificado nos 12 meses encerrados em maio, de 16,1%, quando o total emprestado atingiu R$ 2,486 trilhões -equivalente a 54,7% do PIB.
As revisões, diz o BC, refletem o comportamento verificado até maio. O crédito imobiliário, liderado pela Caixa, por exemplo, ao contrário do que se esperava, não desacelerou. Os empréstimos do BNDES também crescem em ritmo maior que no fim de 2012. O crédito rural, com grande participação do Banco do Brasil, também segue forte. A previsão do Banco Central para o crescimento nessas três modalidades, que respondem por mais de 40% dos financiamentos no País, passou de 16% para 20%.
Em relação às demais operações, representadas principalmente pelo crédito ao consumo, que deve ficar mais caro, a projeção de crescimento recuou de 13% para 11%. "O crédito para o consumo é o que mostra maior moderação", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Dentro do crédito ao consumo, o destaque continua sendo o consignado, mercado dominado hoje pelos estatais BB e Caixa, que fizeram uma política agressiva de redução de juros no ano passado e dependem do aval do governo para voltar a subir suas taxas neste ano.
Para as empresas, o crescimento também tem sido sustentado pelo dinheiro do governo, que liberou mais recursos, principalmente por meio do BNDES, para tentar salvar o crescimento do País, cujas projeções já estão abaixo de 2,5%.
Para o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, os bancos públicos estão "dando goleada" nas instituições privadas, que encontram dificuldades em acelerar o crédito por conta da inadimplência. "A partir de junho, julho, a inadimplência deve voltar a cair, mas bem devagar, o que não será suficiente para os bancos privados retomarem de vez o crescimento do crédito."
Veículo: O Estado de S.Paulo