O aumento de juros e a inflação em alta estão reduzindo a confiança dos brasileiros. A avaliação é de Viviane Seda, coordenadora da Sondagem do Consumidor, da Fundação Getulio Vargas (FGV), com base nos números do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado ontem pela entidade. Foi registrada queda de 0,4% na passagem de maio para junho, feitos os ajustes sazonais, para 112,9 pontos, o menor patamar desde março de 2010 - 111,6 pontos. A média histórica do indicador é de 114,8 pontos.
"Nesse momento, a percepção de aumento da inflação e das taxas de juros, em modalidades como cartão de crédito e cheque especial, estão afetando a confiança do consumidor brasileiro", afirmou a especialista da FGV.
Em razão desses dois fatores, afirma Viviane, o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 1,5% entre maio e junho, descontados os efeitos sazonais, para 120,9 pontos, nível inferior à média histórica, de 127,6 pontos. Na mesma base de comparação, o Índice de Expectativas (IE) subiu 0,1%, para 108,4 pontos, patamar superior à média histórica, de 108 pontos.
A Sondagem do Consumidor também apontou que as expectativas de inflação para os 12 meses seguintes subiram de 6,6% em maio para 7,2% em junho. "Com esses dados, dá para perceber que o consumidor está preocupado com o impacto dos juros e da inflação na economia", afirmou a coordenadora.
Entre as quatro classes de renda observadas pela FGV, a confiança do consumidor subiu apenas na de número 1 - faixa com renda familiar até R$ 2.100 --, onde foi registrada alta de 1,1%. Para os consumidores com renda acima de R$ 9.600, a confiança recuou 1,1%.
"O salário mínimo ajuda muito a classe de renda 1. Já a classe de renda 4 consegue perceber os malefícios da inflação, embora o aumento de preços atinja mais os mais pobres", diz Viviane.
Veículo: Valor Econômico