O Banco Central voltou a intervir fortemente no mercado cie câmbio ontem, na tentativa de arrefecer a alta do dólar em relação ao real. Mesmo assim não conseguiu evitar a quinta sessão consecutiva de subida da moeda americana, que fechou em alta de 2,45%, cotada, a R$ 2,259. É o maior patamar desde 1° de abril de 2009.
O BC chegou a lançar mão de outros tipos de inteivenção ontem . Pela primeira vez no ano, a instituição ofereceu empréstimos com os dólares das reservas internacionais. O BC repetiu ainda a oferta de contratos de swap cambial, que eqüivalem à venda cie divisas no mercado futuro. No fim do dia, também sondou investidores sobre a possibilidade de negociar esses mesmos papéis por prazos acima de um ano, em vez de apenas alguns meses, com o intuito de reduzir apostas contra o real .As ações realizadas ontem estão dentro da estratégia do governo para enfrentar o ajuste de liquidez sinalizado pelo Federal Resuve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
Na última quarta-teira, o ministro da Fazenda, Guído Mantega, afirmo que o governo tem “muita bala na agulha”, “muitas reservas, como nunca tivemos antes” para enfrentar as turbulências no mercado de cambio. Na terça-feira, o presidente do BC, Alexandre Tomhini, disse que agiria para evitar mudanças bruscas de cotação e que o Brasil está preparado para eventos contrários. Para Luiz Carlos Baldan, diretor da Fourtrade Corretora, o BC pode ser obrigado, no entanto, a utilizar uma ‘‘munição mais pesada” para segurar a cotação da moeda americana. "Swap e venda com recompra não deram certo. Para o BC ter efetivamente o que quer, será preciso pegar um pouco das reservas, tendemoeda e pronto" afirmou.
“Isso (a alta d o dólar) é péssimo pai a a inflação”, disse Fabio Silveira, da GO Associados. “Por mais que caia o preço de commodities no mercado internacional, isso é inflação na veia.” Para ele, o BC enfrenta hoje um cenário conturbado e a . saída não é simples. “Pareccia que o plano do BC era subir a Selic e deslocar a banda do dólar para R$ 2,10 ou R$ 2,15, mas isso está se mostrando insuficiente, porque o capital não está vindo.”
Desde o fim de maio, o BC vinha usando sua primeira opção de intervenção, os contratos conhecidos como swap cambial, nos quais o governo negocia com o investidor apenas a variação do câmbio em um determinado período. Em três semanas, foram vendidos mais de US$ 15 bilhões em contratos, incluindo os quase US$ 3 bilhões ofertados ontem pela manhã.
Como o dólar continuou subindo, próximo ao meio-dia, o BC usou o chamado leilão de venda de moeda estrangeira com compromisso de recompra. Foram oferecidos ao mercado US$ 3 bilhões, com a obrigação cie que o dinheiro volte para as reservas brasileiras em setembro ou outubro deste ano. Quan do vence o prazo da operação, o BC recompra o dólar por uma cotação predefinida.
Esse tipo de operaçao aumenta a oferta de dói ares no mercado» ajudando a diminuir a pressão sobre a cotação, A última vez em que o Banco Central emprestou dólares dessa forma foi em dezembro do ano passado, quando usou R$ 5,5 bilhões das reservas.
Bolsa
Ontem, o mercado acionário também sentiu a turbulência do mercado externo. Em menos de uma hora de negociação, a Bovespa chegou a cair mais de 4%, A queda foi agravada por dados fracos da economia chinesa e mistos dos EUA. No fim do dia, como a Bolsa se tornou barata em dólar ao investidor estrangeiro, o Ibovespa passou a subir e encerrou em alta de 0,67%, aos 48.214 pontos.
Veículo: O Estado de S.Paulo