O índice oficial de inflação deve chegar próximo a zero no mês de julho. Segundo especialistas consultados pelo DCI o que mais influencia a possível queda do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) são os grupos alimentação e transportes que já mostraram uma pressão mais baixa em prévias de outros índices. Esse patamar contido, no entanto, não deve se manter no mês de agosto já que ele é decorrente de dois itens pontuais.
Os analistas de mercado consultados pelo Banco Central (BC) para o Boletim Focus também acreditam que o indicador oficial deva vir menor e há duas semanas a previsão se mantém em 0,03% para julho. Há um mês a expectativa era de um índice de 0,24%. Para agosto a previsão está há duas semanas em 0,27%. Há um mês o índice estava ligeiramente maior, em 0,29%.
Para o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Milton Pignatari, "o que acabou acontecendo tanto no IPC-S [Índice semanal, publicado na última quinta-feira] quanto IPC-Fipe [Índice de Preços ao Consumidor de São Paulo] foi que alimentação e transportes tiveram um recuo e acabou revertendo o aumento, o que compensou isso foi a habitação, que avançou". Os indicadores citados pelo professor tiveram quedas de 0,16% e 0,11% respectivamente.
Segundo o economista da Fundação Instituto de Administração (FIA), Keyler Carvalho Rocha, "o IPCA está caindo também, mas a queda deste mês é decorrente basicamente dos transportes e alimentos, teve uma alta muito grande dos alimentos e que agora vem declinando, isso não significa que será assim no futuro", disse. O especialista completou que o indicador deste mês deve vir entre 0% e 0,1% positivo ou negativo e chama atenção para o fato de que itens de serviços, que influenciaram bastante o indicador geral já devem registrar preços mais contidos.
Frio
Na última semana o Brasil viveu um dos mais rigorosos invernos dos últimos anos, com registro de neves e geadas em algumas regiões. Esse fator atípico pode sim influenciar o preço dos alimentos e consequentemente a inflação na opinião dos especialistas.
O economista da FIA salientou que os alimentos são sempre afetados no inverno, mas depois se recuperam. Segundo ele "o nosso índice tem um defeito grave, as pessoas mudam o hábito, as pessoas não consomem mais tomate quando está caro, fazem uma troca, mas a cesta que se está usando no índice se mantém".
Para o professor do Mackenzie, itens como café e trigo podem ter seus preços influenciados. "Existe uma preocupação de não abastecer nosso mercado e teremos que comprar de fora, com o dólar nesse patamar isso pode influenciar negativamente índice de preços", disse.
FMI
O Brasil ainda pode ter que aumentar mais os juros para lidar com a inflação elevada, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI). O País continua enfrentando um desafio considerável para conter a alta de preços, que vem superando o topo da meta do Banco Central (BC) e requer novo aperto monetário. A recomendação faz parte de um documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentado na última reunião ministerial do G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo, realizada em Moscou, na semana passada.
O documento tem o título "Perspectivas globais e desafios de política" e destaca que a recuperação da atividade econômica global vem desapontando e o ritmo de crescimento será menor que o esperado, sobretudo por causa da zona do euro, que segue em recessão, e da expansão mais fraca dos países emergentes.
Sobre o Brasil, o documento fala que o crescimento econômico continua a desapontar, embora pontue que "finalmente" o investimento dá sinais de expansão. O FMI prevê alta de 2,5% para a economia brasileira, inferior à estimativa de abril, que previa 3%.
Veículo: DCI