Índice calculado pelo IPCA subiu 0,03% em julho beneficiado pela redução de passagens de ônibus e queda nos alimentos
Com a queda no preço de alimentos e a revogação do aumento das tarifas de transporte coletivo em diferentes capitais, a inflação em julho apresentou a menor variação mensal em três anos. O Índice de Preços aos Consumidor Amplo (IPCA), referência para a meta do governo, recuou de 0,26% em junho para 0,03% no mês passado.
A alta de julho é o menor resultado mensal desde igual mês de 2010. A esperada safra de meio de ano, que empurra o preço dos alimentos para baixo, e as tradicionais liquidações de inverno, que tornam a compra de peças de vestuário mais atrativas, contribuíram para que o avanço dos preços desse uma trégua. A surpresa mesmo veio do item transporte: queda de 0,66%.
– É uma conquista das manifestações. Sem elas, o índice seria mais alto, pois em vez de redução no preço da passagem teríamos um aumento – diz Pedro Raffy, professor de economia da Universidade Mackenzie.
De acordo com Gilberto Braga, professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), o efeito do custo menor da passagem não deve se repetir nos próximos meses.
Considerado vilão da inflação por apresentar as maiores altas, o tomate agora volta à cena no papel de mocinho. Foi o alimento que mais reduziu o preço. Em um mês, a queda foi de 27,25%. Na contramão, o que mais subiu no período foi o custo com empregados domésticos – alta de 1,45%.
Efeito da alta do dólar tende a chegar aos consumidores
Sem o impacto positivo do transporte e com o efeito dos alimentos já bastante reduzido, o governo deve encontrar mais dificuldades para domar o avanço dos preços.
– O resultado é bom, mas a inflação deve voltar a subir nos próximos meses. Até o final de outubro, a alta do dólar já vai estar irradiada em toda a economia – afirma Braga.
O dólar mais alto encarece o preço de produtos importados e torna a exportação mais atraente ao produtor. A menor oferta faz os valores subirem.
Sobre juros, a desaceleração da inflação não deve alterar a cabeça dos diretores do Banco Central na reunião do Comitê de Política Monetária nos dias 27 e 28, entende o diretor de Pesquisas Macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros. O BC vem em uma sequência de aumento da Selic, hoje em 8,5% ao ano.
Veículo: Diário Catarinense