A soja e o minério de ferro mais baratos no atacado foram determinantes para o enfraquecimento da inflação apurada pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que desacelerou de 0,76% para 0,14% entre junho e julho. Segundo o superintendente-adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Salomão Quadros, o comportamento desses dois itens, os de maior peso na inflação atacadista, também gerou deflação de 0,02% nos preços das matérias-primas brutas agropecuárias no atacado.
Apesar disso, afirma Quadros, esse cenário favorável não elimina fatores de preocupação em horizonte de longo prazo, como interrupção de deflação de alimentos no varejo, possível impacto cambial nos preços e a trajetória ascendente nos preços de serviços ao consumidor.
Em julho, a soja em grão, produto agropecuário de maior peso na formação da inflação atacadista, teve alta de 1,15% - quase dez vezes inferior à apurada em junho. As boas notícias nas safras americana e brasileira de soja levaram a ambiente de oferta favorável, o que ajudou a derrubar o preço. O aumento de oferta do milho em grão permitiu a queda de 6,23% do produto, o que contribuiu para a deflação nas matérias-primas brutas atacadistas. No caso do minério de ferro, a deflação se intensificou no período (de -1,50% para -4,16%) e Quadros lembrou que a inflação do produto acompanha as oscilações no mercado internacional.
Veículo: Valor Econômico