Um chocolate a mais não vai fazer diferença no orçamento. É com este pensamento que os brasileiros fizeram do supermercado o reduto das compras por impulso. Como mostra a pesquisa inédita do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o baixo preço das mercadorias alimentou a demanda reprimida por consumo da nova classe média no Brasil.
A maioria dos entrevistados (34%) admitiu gastar mais do que o planejado quando está dentro de supermercados. Os shoppings centers vieram somente em segundo lugar, com 25% das respostas. Realizada pelo SPC e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a pesquisa ouviu 604 consumidores nas 27 capitais do país.
Para o presidente da CNDL, Roque Pelizzaro Júnior, a explicação do resultado começa no aumento de renda do brasileiro. Segundo ele, as compras por impulso nos supermercados revelam uma demanda reprimida de consumo da nova classe média. No passado, ele acrescenta, a classe C buscava restringir suas compras aos itens da cesta básica.
Pelizzaro observa também que os supermercados oferecem um maior número de produtos e de marcas e que, aliado a isso, está o novo perfil do consumidor, mais preocupado com a qualidade e a marca das mercadorias do que com o preço. E o resultado dessa combinação, segundo ele, muitas vezes é a compra por impulso.
– O alto desempenho dos produtos premium nos supermercados é um reflexo deste novo perfil. Optar pelos hortifrutis lavados e embalados, por exemplo, é comprar por impulso – define Pelizzaro.
Quando questionados sobre os produtos que menos conseguem resistir, os entrevistados surpreenderam. Os itens mais citados foram roupas, calçados e acessórios, mercadorias mais comuns em shoppings centers.
Opção por produtos baratos extrapola o orçamento
O gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, explica que a percepção do consumidor é de que a compra por impulso subentende altos preços. Segundo ele, é justamente por causa desta relação que o consumidor acaba extrapolando o orçamento em produtos mais baratos.
– Os supermercados são verdadeiros paraísos para as pequenas compras e é comum o consumidor supor que uma compra supérflua de baixo valor não vai pesar no orçamento – alerta Borges.
A dentista Sandra Silvestre, de 46 anos, fazia compras no supermercado com a filha Amanda, 5, atitute não recomendável pelos especialistas, já que, como revelou a pesquisa, 37% dos pais atendem aos pedidos dos filhos de até seis anos durante as compras. Sandra diz que, no entanto, procura impor limites aos desejos consumistas da filha.
Veículo: Diário Catarinense