Expectativa de pequenas melhora no mês de agosto

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A expectativa das micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo em relação à economia melhorou. Passada a turbulência dos protestos em junho e a expectativa negativa em julho, os ânimos dos microempresários melhoraram, de acordo com o levantamento feito pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), em parceria com o Datafolha e obtido pelo DCI.

Tudo que acontece na economia é sentido primeiro pela micro e pequena empresa, tornando-se um indicador de tendências, segundo o presidente do Simpi, Joseph Couri. "No mar, quem sente primeiro os ventos, um transatlântico ou uma canoa?"

A melhora da expectativa anima os microempresários, inclusive, a voltar a contratar. O índice de abertura de vagas, que demonstra o otimismo do setor, mostra que 16% das empresas pretendem abrir novas vagas em agosto, contra 10%, em julho. A pesquisa mostrou também que apenas 3% das empresas pretendem fechar vagas no próximo mês, contra 4%, em julho.

"Micro e pequenas representam o grande mercado brasileiro. Elas são as maiores consumidoras de produtos. Maiores produtoras e maiores empregadoras, ou seja, o maior amortecedor social do País", diz Couri, reclamando da falta de consideração por parte das autoridades para este segmento. "Na Europa, a pequena e média empresa são encaradas com seriedade e não se tomam medidas sem consultá-las. Mas aqui não se leva em conta os pequenos, especialmente na hora de abrir o 'pacote de bondades'. Benefícios dificilmente vão para micro e pequenas", diz ele, citando as medidas do governo federal sobre Olimpíada (que libera importação a qualquer empresa, contanto que não seja do Simples). "Importar para os jogos é isento de imposto. Aí vem a Receita Federal e normatiza, que todos podem fazer isso, menos uma empresa do Simples. Esse é um exemplo de como se trata as pequenas no Brasil, não só tirou o direito como prejudicou, porque se tira o direito é uma coisa, mas prejudicar é mais grave", acrescenta ele, dizendo que o Simpi estuda como irá questionar isso.

Conforme dados do sindicato, em torno 90% das indústrias são micro e pequenas, 60% do emprego do setor produtivo estão nas pequenas e micro. O setor não é intensivo em capital e sim em mão de obra. Responsável por 25% do PIB industrial, de acordo com dados do Caged e IBGE.

No entanto, só 2% delas conseguem exportar, porque não consegue competir, por isso depende do mercado interno, explica Couri. "Isso sem falar das regras de desoneração, que reduziu para 1% ou 2% tributos para alguns setores sobre a folha de pagamentos. Mas quem está no Simples é de 4%. Parece que eles pensam que já fizeram o Simples Nacional e já tá bom. Mas vamos lutar por mais", afirma.

Ao todo, o estado conta com cerca de 270 mil micro e pequenas indústrias, o que indica que 40% das micro e pequenas estão no Estado de São Paulo, especialmente na construção civil, metalurgia e química. Cerca de 8 mil pequenas indústrias só na capital paulista, incluindo muita confecção e vestuário.

Falando sobre as dificuldades enfrentadas pelas micro e pequenas empresas, Couri frisou que só vai sobreviver, seja qual área for, aquelas empresas que se dedicarem a um nicho específico. "Um fabricante de escova que concorre com chineses, quebra, mas se fizer uma escova personalizada especificamente para um nicho ela vai sobreviver. Isso vem acontecendo em vários segmentos que enfrentam concorrência", explica ele.

Couri afirma que o Simpi está criando um índice de atividade da pequena e micro indústria. O sindicato, que já conta com mais de 200 mil associados, vem se reestruturando para fornecer mais informações e intensificar as ações junto ao governo para melhorar o cenário ao pequeno empresário.

" Hoje temos mais associados que muitos sindicatos de trabalhadores. O que falta é uma visão mais ampla do governo em relação a importância do setor. Na hora que criou um ministério mostra que o governo está sensibilizado com o tema, mesmo que ainda não esteja totalmente voltado para o setor", afirma Couri.

Futuro

As expectativas futuras da economia brasileira também foram boas. A as avaliações dos governos Dilma Rousseff e Geraldo Alckmin foram positivas. O governo Dilma foi analisado positivamente por 64% dos entrevistados em agosto. Já o de Alckmin foi analisado positivamente por 81% dos entrevistados, no período. Em agosto, 64% dos entrevistados pontuaram como positivo o desempenho da economia nacional.

Muitos estão otimistas até com a inflação. De acordo com a pesquisa, o número de dirigentes que acredita no aumento da inflação diminuiu. 11% acham que a inflação diminuirá, (em julho eram 5%). Os entrevistados que acreditam que a inflação aumentará também recuou. Foram 54%, contra 60% em julho; 33% acreditam que continuará como está, semelhante aos dados anteriores.



Veículo: DCI


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